Um novo método de diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), aprovado nos Estados Unidos em agosto de 2023, promete resultados em apenas 15 minutos ao monitorar o movimento ocular de crianças enquanto assistem a vídeos. A tecnologia, aplicada em crianças entre 1 ano e 4 meses e 2 anos e meio, ainda não está disponível no Brasil, onde depende da aprovação de órgãos regulatórios.
O estudo é conduzido pelo brasileiro Ami Klin, diretor de um dos principais centros de tratamento de autismo nos EUA, em Atlanta. Apesar do avanço, especialistas brasileiros alertam para os riscos de se basear o diagnóstico em um único biomarcador, dada a complexidade e heterogeneidade do TEA.
O psiquiatra infantil Guilherme Polanczyk, da USP, destaca que o diagnóstico tradicional é clínico e envolve avaliação médica direta, testes padronizados e relatos dos pais. Ele ressalta que o contato ocular, embora comum como marcador, não está presente em todos os casos e pode variar ao longo do desenvolvimento.
Polanczyk também aponta a necessidade de validação do novo exame em diferentes contextos e populações, além de reforçar que o uso indiscriminado da ferramenta sem capacitação adequada pode causar danos. Para ele, biomarcadores genéticos e tecnologias de inteligência artificial têm maior potencial para diagnósticos precisos.
O neuropediatra Carlos Gadia reforça que sinais como ausência de comunicação aos três anos, falta de resposta ao nome e regressão de habilidades devem ser investigados.
Ele defende a participação ativa da família no tratamento, que inclui intervenções comportamentais e fonoaudiológicas.
Atualmente, o SUS oferece atendimento a pessoas com TEA por meio da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, com 577 unidades no país. Segundo o IBGE, 2,4 milhões de brasileiros foram diagnosticados com o transtorno. Nos Estados Unidos, estima-se que uma em cada 31 crianças vive com TEA.
Com informações do G1, Por Silvana Reis, Bem-Estar