Até julho de 2025, 149 pessoas perderam a vida em atropelamentos nas vias de Minas Gerais, revelando uma média alarmante de cinco mortes por semana. Os dados expõem a gravidade do problema, atribuído à imprudência e desatenção tanto de motoristas quanto de pedestres. Especialistas alertam para a necessidade urgente de medidas estratégicas e sensíveis por parte do poder público para conter o número crescente de vítimas.
Um dos casos mais emblemáticos e comoventes deste ano ocorreu em 11 de maio, Dia das Mães, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Lucilene Rodrigues, de 40 anos, e seu filho Luan Henrique, de apenas 9 anos, foram atropelados por um motorista que dirigia sem carteira de habilitação. O condutor, indiciado por homicídio com dolo eventual, relatou ter consumido uma dose de whisky na manhã do acidente, embora o teste do bafômetro tenha dado negativo.
De acordo com um especialista em medicina do tráfego, a falta de atenção durante a travessia é um fator recorrente nas ocorrências. Ele aponta o uso de fones de ouvido e celulares por pedestres como elementos que contribuem para a perda de foco em momentos cruciais. “A consequência direta disso é a perda da atenção, de pedestres e motoristas, justamente nos momentos em que ela deveria ser máxima”, afirma.
Para reduzir os índices de atropelamento, o especialista defende que o poder público adote uma abordagem mais estratégica. Entre as ações recomendadas estão: ampliação de faixas de pedestres, reprogramação dos tempos dos semáforos para atender pessoas com mobilidade reduzida, instalação de passarelas, rebaixamento de guias, expansão da largura das travessias, melhorias na iluminação pública e redução da velocidade em áreas escolares, hospitalares e de grande fluxo.
O problema, no entanto, não se restringe a Minas Gerais. O presidente da ONG Centro de Defesa das Vítimas de Trânsito (CDVT), Lucio Almeida, destaca que o Brasil figura entre os países com os trânsitos mais violentos do mundo. Para ele, os atropelamentos são, na maioria das vezes, consequência da imprudência dos condutores, desatenção dos pedestres e, principalmente, da falta de respeito à vida humana.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2024, hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) registraram 32,8 mil internações de pedestres vítimas de traumas por atropelamento em todo o país. As despesas médicas associadas aos atendimentos chegaram a R$ 61,9 milhões.
Diante desse cenário, especialistas e organizações sociais reforçam o apelo por mudanças estruturais e culturais que priorizem a segurança viária e a preservação da vida no trânsito brasileiro.
Com informações do Hoje em Dia