O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, localizado na Zona da Mata, foi palco da identificação de uma nova espécie de inseto, que recebeu o nome científico Guaranyperla puri. Esta descoberta, realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), é um importante marco para a ciência, especialmente na área de entomologia.
A nova espécie, pertencente à família Gripopterygidae, foi batizada em homenagem ao povo indígena Puri, tradicionalmente presente na região onde o inseto foi encontrado. A Guaranyperla puri se destaca por seu ciclo de vida peculiar. Durante a fase imatura, a ninfa vive em ambientes aquáticos, passando por transformações até adquirir asas e sistema reprodutivo. Depois, migra para o ambiente terrestre, onde inicia a fase adulta.
A identificação da nova espécie surgiu a partir de estudos do programa de pós-graduação em Entomologia da UFV. A equipe de pesquisa analisou exemplares coletados no parque e encontrou características morfológicas distintas, como os padrões de coloração, a estrutura das asas e a terminália do adulto, o sistema reprodutivo, que a diferenciam de outras espécies já conhecidas. A pesquisadora Mellis Layra Soares Rippel, uma das autoras do estudo, comenta que, ao comparar os exemplares com outras espécies, ficou claro que estavam diante de uma nova descoberta. Para ela, isso reflete o elevado grau de preservação do parque e reforça sua relevância para a ciência.
Luís Henrique de Mattos Lopes, gerente do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, destaca a importância de descobrir novas espécies em áreas protegidas. Segundo ele, esses achados não apenas contribuem para o entendimento dos ecossistemas locais, mas também podem influenciar diretamente as estratégias de conservação, priorizando habitats ameaçados. Além disso, abrem novas possibilidades para inovações nas áreas de ciência, agricultura e medicina.
A descoberta da Guaranyperla puri segue a linha de outras identificações relevantes feitas no parque, que é reconhecido pela sua rica biodiversidade e pela presença de espécies ainda não catalogadas pela ciência. Em março deste ano, outro inseto raro, o Cloeodes tovauna, da família Ephemeroptera, também foi identificado na área, destacando-se pelo seu ciclo de vida peculiar, em que a maior parte da existência ocorre na fase de ninfa, em ambientes aquáticos. Esses insetos emergem para a superfície apenas na fase adulta, para se reproduzir, e logo depois morrem.
A preservação ambiental do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro continua a ser um tema de grande relevância, com a ciência e a conservação ambiental caminhando juntas em busca de novas descobertas e soluções para proteger a biodiversidade local.
Com informações da Agência Minas