A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — considerado a inflação oficial do país — caiu de 4,83% para 4,81% em 2025. A estimativa consta no boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central (BC), com projeções semanais de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Apesar da leve redução, a nova projeção ainda está acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, entre 1,5% e 4,5%.

Para os anos seguintes, o boletim Focus também indica recuo nas expectativas inflacionárias: a estimativa para 2026 caiu de 4,29% para 4,28%, enquanto as projeções para 2027 e 2028 foram mantidas em 3,9% e 3,7%, respectivamente.

Em agosto, influenciada pela queda nas tarifas de energia elétrica, a inflação oficial registrou deflação de 0,11%. Com esse resultado, o IPCA acumulado em 12 meses chegou a 5,13%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Juros básicos:

Para controlar a inflação, o Banco Central utiliza como principal ferramenta a taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo a ata da última reunião, realizada neste mês, o colegiado pretende manter esse patamar “por período bastante prolongado” com o objetivo de cumprir a meta de inflação.

A manutenção da taxa se deve a fatores como as incertezas no cenário econômico global e sinais de moderação no crescimento interno. De acordo com o boletim Focus, os analistas esperam que a Selic permaneça em 15% ao ano até o fim de 2025, com quedas previstas para os anos seguintes: 12,25% em 2026, 10,5% em 2027 e 10% em 2028.

Quando o Copom eleva a Selic, a medida busca conter a demanda e controlar os preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. Por outro lado, taxas elevadas podem dificultar o crescimento da economia. Quando os juros caem, o crédito tende a ficar mais acessível, estimulando a produção e o consumo, mas com menor controle sobre a inflação.

PIB e câmbio:

As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) permanecem estáveis. Para 2025, o mercado mantém a estimativa de crescimento da economia brasileira em 2,16%. Em 2026, a expectativa é de avanço de 1,8%, seguido de 1,9% em 2027 e 2% em 2028.

No segundo trimestre deste ano, o PIB cresceu 0,4%, impulsionado pelos setores de serviços e indústria. Em 2024, a economia brasileira registrou alta de 3,4%, representando o quarto ano consecutivo de crescimento. Foi a maior expansão anual desde 2021, quando o PIB avançou 4,8%.

Quanto ao câmbio, a previsão para o dólar é de R$ 5,48 ao final de 2025. Para 2026, a expectativa é de que a moeda norte-americana atinja R$ 5,58.

As projeções do boletim Focus refletem um cenário de cautela por parte do mercado, com inflação ainda pressionada acima da meta e juros elevados mantidos como ferramenta de controle. Ao mesmo tempo, o crescimento econômico segue moderado, com expectativas estáveis para os próximos anos, enquanto o câmbio segue projetado em patamares mais altos. O Banco Central deve continuar atento aos desdobramentos do cenário interno e externo para calibrar sua política monetária.

Com informações da Agência Brasil

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