Sete integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV) começaram a ser transferidos nesta quarta-feira (12) para a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. A unidade também abriga Fernandinho Beira-Mar, principal liderança da facção e primeiro preso a ocupar o sistema penitenciário federal, em 2006.
Apesar de estarem no mesmo presídio, os criminosos não terão contato com Beira-Mar nem entre si, segundo o Ministério da Justiça e a Polícia Penal Federal. O isolamento é uma das principais medidas adotadas pelo sistema federal para impedir a comunicação entre líderes e suas bases no crime organizado.
A transferência
A operação foi coordenada pela Polícia Penal Federal, que se deslocou ao Rio de Janeiro para conduzir os detentos sob forte esquema de segurança. Os sete estavam presos em Bangu 1, no Complexo de Gericinó, e foram levados até a Base Aérea do Galeão, de onde embarcaram para o Paraná.
A medida foi determinada pelo juiz Rafael Estrela Nóbrega, da Vara de Execuções Penais (VEP) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), após pedido do Ministério da Justiça e da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap-RJ). Segundo o magistrado, a decisão busca preservar a segurança pública e restabelecer o controle do sistema prisional fluminense, ameaçado pela articulação do crime dentro das cadeias.
“É dever deste juízo preservar o interesse coletivo sobre o individual, especialmente diante de risco real de reincidência e coordenação de práticas criminosas a partir do cárcere”, escreveu o juiz.
Quem são os transferidos
Os sete criminosos enviados para Catanduvas são apontados como lideranças ativas da facção e responsáveis pela comunicação entre comunidades e a cúpula do tráfico no Rio:
- Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho — administrador da “caixinha” (fundo financeiro) do CV, com base em Resende;
- Carlos Vinícius Lírio da Silva, o Cabeça do Sabão — atua na comunidade do Sabão, em Niterói;
- Eliezer Miranda Joaquim, o Criam — chefe da facção na Baixada Fluminense;
- Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho — de Volta Redonda, membro da comissão da facção;
- Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, o My Thor — liderança no Morro Santo Amaro, Zona Sul do Rio;
- Alexander de Jesus Carlos, o Choque (ou Coroa) — ligado ao Complexo do Alemão;
- Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha — também do Complexo do Alemão.
Outros nomes em análise
A Justiça do Rio ainda avalia a situação de outros três presos citados pela Polícia Civil: Wagner Teixeira Carlos, Leonardo Farinazzo Pampuri (Léo Barrão) e o cabo da Marinha Riam Maurício Tavares Mota.
Riam foi preso em 2023 pela Polícia Federal dentro de um quartel em Niterói. Ele é acusado de operar drones a serviço do Comando Vermelho, adaptados para acoplar granadas e explosivos em ataques contra facções rivais e forças de segurança. O caso segue em tramitação na Justiça Militar e no juízo de organizações criminosas.
Por que Catanduvas
A decisão de enviar os líderes inicialmente para Catanduvas foi estratégica. Fontes do Ministério da Justiça informaram que o governo optou por centralizar a primeira fase da custódia na mesma penitenciária.
A médio e longo prazo, o Plano de Rodízio Federal prevê que os detentos sejam redistribuídos entre as demais quatro unidades do sistema: Brasília (DF), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Campo Grande (MS). A rotatividade é usada para quebrar laços e reorganizações internas das facções criminosas.
Operação Contenção
A transferência ocorre após a Operação Contenção, que resultou na morte de 121 pessoas em ações policiais no estado — entre elas, dois policiais civis e dois militares do Bope.
A investigação revelou planos de ataque e comunicação entre líderes presos e criminosos em liberdade, reforçando a necessidade de isolamento total das lideranças.
Com informações do Metrópoles










