Os transportadores de combustíveis e derivados de petróleo, conhecidos  como tanqueiros, devem aderir em massa à paralisação convocada pelo sindicato da categoria para este feriado de 7 de setembro. Esta é a expectativa do presidente do Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG), Irani Gomes. Ele estima que 3 mil tanqueiros atuam em Minas Gerais.

Grupos de caminhoneiros autônomos se organizam para participar, em Brasília, das manifestações convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), embora sem apoio das entidades representativas da categoria. Por meio de vídeo postado em redes sociais, o caminhoneiro Marinaldo Machado, parceiro de Marcos Antônio Pereira, conhecido como Zé Trovão e apoiador de Bolsonaro, divulgou que haverá paralisação nas rodovias de todo o país. 

O presidente do Sindtanque-MG, IraniGomes, reafirmou que o movimento será mantido por tempo indeterminado, a despeito de outros segmentos do setor de transportes terem se manifestarem contrários à adesão de suas categorias à convocação de manifestações no dia da Independência. Segundo o presidente do Sindtanque-MG, não haverá um local específico de concentração e, cada grupo deverá cruzar os braços nos pontos de abastecimento. 

“Eles não vão abastecer e permanecerão parados até que haja uma resposta do governador de Minas sobre a questão do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços)”, afirmou Irani Gomes. Na visão do sindicalista, os altos preços dos combustíveis refletem “somente” os valores do ICMS cobrados pelos estados. A afirmação desconhece os efeitos da política de alinhamento de preços da Petrobras ao mercado internacional, a valorização do dólar sobre o real e a questão cambial.

 Os preços do óleo diesel subiram 36,35%, em média, no país durante os últimos 12 meses até julho, de acordo com a pesquisa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Grande BH, a variação foi de 35,36%. Enquanto isso, o IPCA teve altas de 8,99% na média do Brasil e de 9,43% em BH e entorno.

“Sem data para acabar”

Sobre os atos desta terça-feira (7), Irani Gomes reafirmou que se trata de “manifestação pacífica”, que fará parte da convocação dos atos em todo o país dos apoiadores das políticas adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O sindicalista também confirmou que a paralisação de hoje será apenas início do movimento, “sem data para acabar”, e admitiu que haverá consequências no abastecimento de postos de combustíveis e aeroportos. O anúncio de adesão foi divulgado na sexta-feira (3).

No mesmo dia, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou que eventual participação de caminhoneiros nas manifestações “representará a vontade individual” do transportador, mas não deixou claro se apoia ou não as manifestações ou se orienta a adesão de seus associados. 

A Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista divulgou, no sábado (4), nota afirmando que “repudia veementemente qualquer ação ou pretensão declarada que viole as garantias constitucionais do Estado Democrático de Direito e da coexistência de poderes institucionais independentes e harmônicos entre si”. A nota foi assinada pelo deputado federal Nereu Crispim (PSL/RS).

Sem alterações recentes

O governo de Minas esclareceu, por nota, que as alíquotas do ICMS incidentes sobre os combustíveis não passaram por alterações recentemente. Segundo o Executivo, as últimas alterações foram feitas em janeiro de 2018 (o imposto sobre a gasolina passou de 29% para 31% e sobre o etanol, de 14% para 16%) e em janeiro de 2012 (o ICMS do diesel aumentou de 12% para 15%). 

A administração estadual criou em março um grupo de trabalho para discutir a alíquota do ICMS incidente sobre o preço do óleo diesel. Aquela época o sindicato dos tanqueiros informou que a intenção era ver a queda de 15% para 12% da alíquota. O grupo foi composto por representantes de diversos sindicatos e federações da área do transporte e de secretarias estaduais de Governo, Fazenda e Planejamento e Gestão.

Cenário de IPCA alto e expansão modesta

Após o agravamento da crise política, os economistas de bancos e corretoras reviram para baixo as suas projeções para o crescimento da economia brasileira e elevaram a taxa prevista para a inflação e o valor do dólar.

Os novos indicadores configuram piora nas expectativas dos investidores quanto ao desempenho do governo e do país, como mostra o Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC). O mercado financeiro trabalha agora com perspectiva de expansão do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços) de 5,15%, em vez de 5,22%. Há quatro semanas, a estimativa era de 5,30%.


Para 2022, os analistas alteraram a previsão do PIB de alta de 2% para 1,93%. Quatro semanas atrás, estava em 2,05%. Em 2023, esperam crescimento de 2,35% e não mais de 2,5%, taxa que era projetada um mês atrás. A projeção para a performance da produção industrial de 2021 caiu de 6,43% para 6,28%. Há um mês, estava em elevação 6,47%.

Inflação acima do teto

A inflação estimada para este ano aumentou novamente e se distanciou ainda mais do teto da meta perseguida pelo BC. Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o índice oficial de preços –, de alta de 7,27% para 7,58% em 2021. Há um mês, estava em 6,88%. A projeção para o índice em 2022 foi elevada de 3,95% para 3,98%. Quatro semanas atrás, estava em 3,84%.

Uma das maiores preocupações dos analistas de bancos e corretoras está no impacto da crise hídrica sobre os preços da energia elétrica, que já vêm pressionando o IPCA. Só não foi alterado o desempenho da inflação estimado para 2023, variação de 3,25%. A projeção para este ano segue bem acima do teto da meta de 2021, de 5,25% e já equivale a mais que o dobro do centro da meta para o ano, que é de 3,75%. 

A estimativa para o câmbio, publicada no Relatório Focus, passou a ser calculada com base na média para a taxa de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano. A mudança foi anunciada em janeiro pelo BC. Com isso, a autarquia espera trazer maior precisão às projeções cambiais do mercado financeiro. Os analistas estimam o dólar no fim do ano a R$ 5,17, e não mais R$ 5,15. Há um mês, estimavam R$ 5,10. A projeção para 2022 permanece em R$ 5,20. 

Fonte: Estado de Minas

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