“Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”, nova live action inspirada nos quadrinhos de Mauricio de Sousa, só chega oficialmente aos cinemas brasileiros no dia 9 de janeiro, a tempo de ocupar lugar na programação das férias escolares. Em Belo Horizonte, porém, o carismático personagem deu o ar da graça um pouco mais cedo em uma única sessão de pré-estreia realizada na manhã deste sábado (21), com projeção simultânea em quatro das seis salas do Cineart Multiplex do Boulevard Shopping.
Parte do elenco, incluindo Isaac Amendoim, mineiro de Cana Verde que é um fenômeno nas redes sociais e vive o protagonista no longa, participou da exibição, que integra uma tour de apresentação do título em uma seleção de cidades brasileiras.
Desenvolto frente às câmeras e às perguntas da imprensa, o menino de 11 anos, em uma resposta à lá Chico Bento, comentou sobre as lembranças que guarda com mais carinho da temporada de filmagem. “Comer goiaba, virar passarinho, virar árvore, virar formiga também. Tem muitas lembranças, tem lembranças demais”, garante, com sotaque indisfarçável.
Ele confessa que, antes da produção, não tinha muita intimidade com o universo dos quadrinhos. “Eu não gostava de ler de nenhum. Mas depois do filme eu fui aprendendo a gostar de ler. Lendo os textos, decorando as falas, aí que eu aprendi a gostar. Mas antes nem lia nada”, conta, com ares de sinceridade infantil. Depois, passou a gostar demais do personagem e até se identificar com ele.
“(O personagem) é parecido comigo, eu acho. Ele é da rocha, eu também, ele gosta de animais, eu também. Sabe que, no filme, eu filmei com uns seis tipos de bichos? A gente é quase igual”, comentou o menino.
Também participaram da pré-estreia as mineiras Débora Falabella, que vive a professora Dona Marocas, e Thaís Garayp, que interpreta a Vó Dita, além do diretor paulista Fernando Fraiha.
“A minha participação é uma participação afetiva, porque é uma personagem (Dona Marocas) que fez parte da minha vida. É uma personagem que está muito no nosso imaginário. As minhas primeiras leituras, inclusive, foram com os gibis da Turma da Mônica. Então, para mim, estar nesse filme foi uma viagem. Eu entrava na sala com todos aqueles personagens e parecia que eu tava voltando no tempo, vivendo um sonho de infância”, assinala Débora, que aproveita a ocasião para exaltar a Mauricio de Sousa Produções.
“Acho que essa adaptação para live action, como as outras que vieram antes, é uma ação muito esperta, necessária, que valoriza e atualiza a nossa cultura infantil, tão rica. E os quadrinhos ainda estão aí, então uma coisa vai alimentando a outra”, avalia.
Thaís, por sua vez, admite que nunca tinha se imaginado a avó. “Eu fiz muitas mães na televisão, em novelas, porque tenho esse ar de mãezona mesmo. Mas, avó, é a primeira vez”, assinala, lembrando que deixou os cabelos brancos especificamente para o papel. Ela ainda exalta os colegas de elenco. “O ator que faz o Chico Bento é sensacional, gente. Vocês vão amar. Ele é muito fofo. Foi muito legal trabalhar com essa equipe. Todo mundo muito disposto, alegre, sabe? Foi perfeito”, exalta.
Já o diretor, Fraiha, situa que, durante a produção, pouco pensou sobre o tamanho da responsabilidade de levar para o cinema uma história e um personagem que já habita, há gerações, o imaginário brasileiro. “Eu evitava pensar nisso durante o processo para não pesar. Então, a gente tentou fazer o que o Chico Bento faria: se divertir, não ficar se preocupando demais, não ficar se cobrando a tirar necessariamente nota 10”, conta.
“Mas, agora, depois do filme pronto, eu olho para trás e falo: ‘gente, como a gente é maluco, cara. A gente teve mais sorte que juízo’”, diverte-se, celebrando a recepção emocionada do público nas pré-estreias.
“As pessoas estão comprando as maluquices que colocamos por achar engraçado na sala de roteiro”, brinca, fazendo referência às doses de realismo fantástico e referências a outras obras que atravessam a narrativa do longa – indo de clássicos incontornáveis do cinema, como “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, até referências menos óbvias, como “Onde Vivem os Monstros”, de Spike Jonze, sem esquecer de produções nacionais, com momentos que remetem às comédias pioneiras de Mazzaropi e cenas que parecem reverenciar o legado de Ariano Suassuna. Tudo, sem deixar de ser fiel ao universo criado por Mauricio de Sousa.
O diretor Fernando Fraiha, que adaptou a história de Chico Bento para o cinema / Fred Magno/O TempoO diretor Fernando Fraiha, que adaptou a história de Chico Bento para o cinema / Fred Magno/O Tempo
Para ele, aliás, seguir o jeito Chico Bento deu certo: “O método caipira sempre funciona bem”. Vale dizer, esta não é a primeira incursão de Fraiha em adaptações dos quadrinhos para o cinema: anteriormente, ele atuou na produção de “Turma da Mônica: Laços” (2019) e “Turma da Mônica: Lições” (2021), ambos com direção do Daniel Rezende – que o estimulou a seguir à frente da live action.
Outra presença ilustre no evento foi a de Magali Spada e Sousa, filha do quadrinista que, claro, inspirou a criação da comilona Magali. Não que fora dos quadrinhos o apetite seja muito diferente. “Vamos ganhar pipoca?”, questionou ela à produção antes de avisar que queria uma foto com o elenco. “Eu ainda não assisti, e estou doida pra ver. Está todo mundo falando muito bem”, comentou em conversa com a reportagem enquanto esperava a chegada da equipe do filme.
História
“Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa” tem roteiro escrito por Elena Altheman, Fernando Fraiha e Raul Chequer. A obra traz as aventuras de Chico e seus amigos, Zé Lelé, vivido por Pedro Dantas, Tábata, personagem de Lorena de Oliveira, Hiro, interpretado por Davi Okabe, e Zé da Roça, papel do ator Guilherme Tavares. Mauricio de Sousa faz participação na obra.
Quando a goiabeira maraviosa do rabugento Nhô Lau, encarnado por Luis Lobianco, é colocada em risco pelo coronel Dotô Agripino, personagem de Augusto Madeira, e seu filho Genesinho, vivido por Enzo Henrique, Chico Bento e sua turminha se unem em uma aventura para salvar a árvore e a natureza ao redor da Vila da Abobrinha.
Fonte: O Tempo