Aécio e Patrus trocam afagos a favor da dobradinha PT-PSDB
Governador afirma que negociação de alianças para a disputa da PBH é projeto em construção e deve respeitar outros partidos.
Nas últimas semanas, eles apareceram em lados diferentes. Mas, na segunda-feira, personagens centrais do debate sobre a aliança entre PT e PSDB para a sucessão da Prefeitura de Belo Horizonte ? o governador Aécio Neves (PSDB) e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) Patrus Ananias ? estiveram lado a lado. Os dois se encontraram durante a solenidade de abertura do 10º Encontro Nacional do Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social, no Minascentro, e o clima foi de muitos afagos. Aécio defende a dobradinha dos partidos historicamente antagônicos e, em seu discurso para representantes da área social, reforçou a importância das alianças para governar. Já o ministro critica o processo, apesar de não descartar a aliança com a oposição. Patrus e Aécio assinaram um termo de cooperação técnica entre o MDS e o governo do estado. O acordo prevê a liberação de R$ 33,7 milhões até 2010 para programas sociais desenvolvidos em parceria com a União.
PT deve abrir exceção para aliança com PSDB em MG
Antes da cerimônia, ainda sem saber da decisão da Executiva Nacional do PT, o governador demonstrou estar confiante na aliança como um projeto para BH. ?Vamos respeitar as posições de todos os outros partidos e quero reiterar que esse é um projeto ainda em construção e, por isso mesmo, com a possibilidade de atração de outros parceiros, de outras correntes políticas a favor do que quer a população de Belo Horizonte?, disse. Segundo ele, a parceria com o estado é uma pré-condição para ?dar continuidade à gestão eficiente, avanços sociais importantes e obras de infra-estrutura na cidade?.
Já o ministro, que faz parte da Executiva do PT, disse que respeita a decisão do partido, mas não votaria nesse sentido. ?Acho que devemos estar abertos a alianças com o PSDB. O que estou discutindo é o procedimento como foi feito. Temos uma relação civilizada e muito positiva com o governador?. O ministro não descartou nem mesmo uma aliança entre os dois partidos para 2010: ?desde que seja levado em conta o interesse nacional?.
Entretanto, Patrus fez questão de salientar que considerou equivocado o processo que aponta o socialista Márcio Lacerda, secretário de estado de Desenvolvimento Econômico, candidato a unificar petistas e tucanos numa só chapa. ?Tenho as melhores referências da pessoa dele. Mas politicamente não o conheço. Se já estive alguma vez na vida com ele não me recordo. Não sei o que ele pensa sobre Belo Horizonte, não sei quais são os seus projetos. Não sei qual é a sua compreensão da política brasileira?, afirmou.
De acordo com o ministro, os entendimentos entre PBH e o governo do estado se deram a portas fechadas, excluindo segmentos importantes do PT, dos movimentos sociais e de partidos que o ministro considerou ?aliados históricos?, como PCdoB e o PMDB, que está na base de sustentação do governo Lula. ?Houve um atropelamento?, referindo-se inclusive ao fato de terem sido frustradas as tentativas feitas por uma ala do PT de adiamento da escolha dos delegados que votarão as teses apresentadas no encontro municipal, marcado para 6 de abril.
Durante seu discurso, ele cobrou dos representantes de diversos estados brasileiros da área de assistência social que, neste ano de eleição, cobrem comprometimento e projetos na área social. ?Um prefeito comprometido pode mudar a vida das pessoas e principalmente dos mais pobres.?
O deputado estadual André Quintão (PT), que também participou do encontro, acredita que a decisão da Executiva abre a possibilidade de mais diálogo. ?É uma decisão que valoriza a base aliada e discute as exceções. Agora é hora de trabalhar conteúdos programáticos. É precipitado falar em nomes?, conclui o parlamentar, crítico da maneira como o processo ocorreu.

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