O deputado federal e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves deve assumir a presidência nacional do PSDB no final de novembro. Candidato único à sucessão de Marconi Perillo, atual dirigente tucano, Aécio será oficializado no cargo durante a convenção nacional da sigla, em mais um movimento que marca sua tentativa de retomar espaço de destaque na política nacional e mineira.
A informação foi confirmada ao portal Aparte pelo deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do PSDB em Minas Gerais e secretário-geral da legenda em nível nacional. A chegada de Aécio ao comando do partido ocorre em meio a uma série de ações que indicam sua intenção de voltar ao centro das articulações políticas, inclusive com foco nas eleições de 2026.
Caminho de retorno após queda de prestígio
Aécio Neves governou Minas Gerais entre 2003 e 2010 e chegou a receber mais de 51 milhões de votos no segundo turno das eleições presidenciais de 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT). No entanto, sua trajetória política sofreu forte abalo a partir de 2017, quando se tornou alvo da operação Lava Jato. Posteriormente absolvido da acusação, Aécio enfrentou queda de prestígio nas urnas: em 2022, foi apenas o 34º candidato mais votado entre os eleitos por Minas para a Câmara dos Deputados, com 85.341 votos — 20% a menos do que havia obtido em 2018 para o mesmo cargo.
Apesar disso, aliados afirmam que Aécio está se reposicionando para disputar o governo de Minas em 2026 ou, ao menos, atuar como um influente articulador nos bastidores. “O Aécio tá se posicionando de uma maneira que tanto pode ser um candidato competitivo ao governo, caso surja essa possibilidade, como também pode virar um ‘kingmaker’”, afirmou uma fonte do PSDB.
Movimentações recentes e presença estratégica
Nas últimas semanas, Aécio intensificou sua agenda política. Em 15 de setembro, foi protagonista da propaganda partidária do PSDB, em que destacou sua gestão como governador e criticou duramente o atual governo de Romeu Zema (Novo), especialmente os projetos de privatização da Cemig e da Copasa em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas.
Dias depois, em 18 de setembro, participou de uma reunião na casa do ex-presidente Michel Temer (MDB), ao lado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto de lei da Anistia. A presença reforçou sua atuação nos bastidores de temas estratégicos em Brasília.
Nova estratégia de comunicação e redes sociais
Outro aspecto da tentativa de retomada política de Aécio é o investimento em sua presença nas redes sociais. Após anos evitando aparições públicas na internet, o ex-governador passou a publicar conteúdos diariamente, intercalando críticas aos governos Lula (PT) e Zema com menções ao seu legado à frente do governo mineiro.
Segundo um interlocutor do PSDB, a nova estratégia visa reconstruir sua imagem pública e aumentar o engajamento digital, em linha com o novo perfil de comunicação política no país.
PSDB vê potencial em candidatura
Embora Aécio evite comentar publicamente sobre eleições e diga, por meio de sua assessoria, que só discutirá o tema em 2026, a cúpula do PSDB já analisa sua possível candidatura ao governo de Minas ou ao Senado. O deputado Paulo Abi-Ackel afirmou que a possibilidade está em avaliação. “Estamos analisando com muita atenção as pesquisas que estão sendo feitas tanto por nós quanto por outros institutos. Diante dos resultados, não tem como o Aécio não ficar sensibilizado para concorrer a governador”, declarou.
Abi-Ackel também negou que haja um esforço deliberado do partido para projetar Aécio, mas reconheceu que a movimentação do ex-governador tem ganhado força natural dentro da legenda.
A iminente posse de Aécio Neves como presidente nacional do PSDB representa não apenas uma reconfiguração interna no partido, mas também um possível retorno do político mineiro ao centro do debate eleitoral. Com histórico relevante, mas marcado por controvérsias, Aécio agora se reposiciona em busca de protagonismo, seja como candidato ao governo de Minas ou como articulador político de peso no cenário nacional de 2026.
Com informações do jornal O Tempo