A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em abril o relatório “2020 Antibacterial agents in clinical and preclinical development” que é um alerta para o mundo que estão fracassando as pesquisas para desenvolver novos tratamentos antibacterianos necessários e apesar de todos estarem cientes sobre a resistência dos patógenos aos antibióticos.

O impacto da resistência antimicrobiana é mais grave em ambientes com recursos limitados e entre grupos vulneráveis, como recém-nascidos e crianças pequenas. Pneumonia bacteriana e infecções da corrente sanguínea estão entre as principais causas de mortalidade em crianças abaixo de 5 anos. Aproximadamente 30% dos recém-nascidos com infecção no sangue morrem devido à resistência a vários antibióticos de primeira linha.

O relatório anual analisa os antibióticos desde os que estão em desenvolvimento inicial até os que estão em estágios clínicos de teste. O objetivo é avaliar o progresso e identificar lacunas em relação às ameaças urgentes de resistência aos medicamentos e encorajar ações para preencher essas lacunas. O documento avalia o potencial dos antibióticos candidatos para lidar com as bactérias resistentes mais ameaçadoras, descritas na Lista de Patógenos Bacterianos Prioritários da OMS (WHO PPL). Essa lista, que inclui 13 bactérias resistentes a medicamentos prioritárias, tem informado e orientado áreas prioritárias para pesquisa e desenvolvimento desde sua primeira publicação, em 2017.

O relatório da OMS revela que nenhum dos 43 antibióticos que estão atualmente em desenvolvimento clínico resolvem o problema da resistência das bactérias mais perigosas. A falha persistente em desenvolver, fabricar e distribuir novos antibióticos eficazes ameaça nossa capacidade de tratar infecções bacterianas com sucesso.

O relatório revela uma linha de pesquisa quase estática, com apenas alguns antibióticos sendo aprovados por agências regulatórias nos últimos anos. A maioria desses agentes em desenvolvimento oferece benefício clínico limitado em relação aos tratamentos existentes. E 82% dos antibióticos aprovados recentemente são derivados de classes de antibióticos existentes desde a década de 1980, com resistência aos medicamentos bem estabelecida. Portanto, é esperado um rápido surgimento de novos agentes com resistência aos novos medicamentos.

O relatório, pela primeira vez, inclui medicamentos antibacterianos não tradicionais e destaca 27 agentes antibacterianos não tradicionais, variando de anticorpos a bacteriófagos e terapias que apoiam a resposta imunológica do paciente e enfraquecem o efeito da bactéria.

Como apenas uma fração dos medicamentos em teste chegará ao mercado devido aos desafios econômicos e científicos, somado ao pequeno retorno sobre o investimento de antibióticos bem-sucedidos que limita o interesse dos principais investidores privados e da maioria das grandes empresas farmacêuticas, é preciso que os governos ajam, seja financiando projetos privados e projetos em universidades e institutos públicos. É preciso que deputados e senadores atuem com vigor nessa área imediatamente.

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