A elevação da temperatura média na Amazônia nos próximos anos deverá implicar uma maior ocorrência de chuvas fortes e intensas na região da bacia do rio da Prata, que inclui os Estados do Sudeste e do Sul do país, além de parte da Argentina e do Paraguai.
Isso significa que, no futuro, a região poderá registrar com maior freqüência problemas como enchentes e perdas na agricultura em razão do aquecimento global.
As conseqüências desse cenário são algo que qualquer cidadão paulistano já sente na pele todo verão: tempestades que alagam a cidade em questão de horas, matam gente –sobretudo nas regiões mais pobres– e causam prejuízos.
É o que conclui o pesquisador do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) Wagner Rodrigues Soares, em tese de doutorado que será defendida no começo do ano que vem no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O trabalho teve duração de quatro anos.
Soares analisou os ventos responsáveis por transportar umidade da Amazônia até a bacia do Prata, os chamados jatos de baixos níveis da América do Sul. A umidade transportada por esses ventos tem influência no clima no sul do continente.
Com ajuda de um programa de computador, o pesquisador calculou quantos desses jatos de baixos níveis ocorreram durante a década de 1980 e quantos devem ocorrer na década de 2080, em um cenário de aquecimento global previsto pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), no qual a Amazônia terá temperaturas médias de 2C a 7C superiores às atuais.
O resultado da comparação entre os dois períodos aponta um aumento de até 86% na ocorrência dos jatos durante a década de 2080.
A quantidade maior de jatos, segundo o estudo, deve elevar em cerca de 50% o fluxo de umidade da Amazônia para a bacia do Prata.

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