Cinco das dez principais marcas de protetor solar em loção vendidas no País não são resistentes à radiação, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste). Os produtos, entre eles Nivea e Sundown, perdem até 50% do FPS (fator de proteção aos raios UVB, responsáveis pelo câncer de pele) quando expostos a uma hora de sol. Na avaliação global, oito marcas das dez analisadas foram reprovadas por também não resistir à água ou não bloquear raios UVA, ligados ao envelhecimento da pele.
Apenas os protetores L´Oréal Solar Expertise e o Cenoura & Bronze foram aprovados. A avaliação global dos produtos é uma média das notas em cada um dos quesitos. O FPS é responsável por bloquear os raios UVB, que são mais fortes entre 10 horas e 16 horas, período não recomendado para exposição prolongada ao sol. São os principais responsáveis por câncer de pele, queimaduras e vermelhidão.
No teste de fotoinstabilidade, o FPS dos produtos foi medido antes e depois da exposição a uma temperatura de 40ºC. As marcas Avon, La Roche-Posay, Nivea, Banana Boat e Sundown foram reprovadas. Alguns produtos, como o da Nívea, perderam 50% do seu FPS. Todos os protetores analisados são de fator 30. Após uma hora de uso, eles caíam para FPS 15. O segundo pior foi o La Roche Posay, que manteve só 62% de sua proteção indicada no rótulo, afirma Marina Jakubowski, química da Pro Teste.
Isso não quer dizer que os produtos não oferecem proteção aos raios UVB, explica a pesquisadora, e sim que têm pouca resistência à luz e ao calor. Além de instável à exposição solar o Coppertone declarou um fator de proteção (30), maior do que o medido (25). Todos as embalagens mencionavam resistência à água, mas após imersão de meia hora, a proteção do produto da Natura caiu para 30% do FPS inicial, por exemplo. O Sundown caiu para 55%. Para o especialista em foto proteção e professor da Faculdade de Medicina da USP, Sérgio Schalka, a diminuição do FPS é natural. Mesmo os produtos que se declaram resistentes à água perdem, após 40 minutos de imersão na água até 50% do FPS?, contou.
As oito marcas de protetor solar avaliadas pela Pro Teste discordaram do resultado da pesquisa e informaram que seus produtos foram submetidos a testes científicos, aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e liberados para o comércio. Todas as empresas afirmaram que não tinham conhecimento do estudo. A LOréal Brasil, que representa a La Roche-Posay disse que desconhece qual a instituição que realizou os testes e os critérios utilizados.
A Nivea Brasil, fabricante do Nivea Sun Loção Solar Protetora informou que, como não teve acesso ao estudo, não pode avaliar, em profundidade, detalhes sobre a metodologia e resultado do mesmo. Destacou ainda que todos os produtos da empresa são desenvolvidos sob protocolos globais de qualidade e que a loção solar protetora FPS 30 atende às exigências dos órgãos regulamentadores.
A assessoria de imprensa da Johnson & Johnson, que representa a marca Sundown, divulgou que só tomou conhecimento da análise da Pro Teste na tarde de segunda-feira. A empresa ainda afirma que estranha os métodos utilizados e que usa, na formulação do protetor, uma combinação de filtros que garante a proteção UVA/UVB.
Metodologia
A Natura, que teve seu produto avaliado como ruim na proteção aos raios UVA, afirmou que a análise da Pro Teste difere da adotada pela Natura. E que tecnicamente não é possível compará-los, pois fazem uso de metodologias e controles diferentes. O Estado não localizou o representante da Sun Pharmaceuticals, fabricante da marca Banana Boat. Valdir Oliveira, gerente de vendas da Arcom S/A, importadora oficial do Banana Boat Bloqueador Solar Ultra, afirmou que neste ano a empresa não comprou a linha analisada.
A Mantecorp, fabricante do Episol Loção Oil Free e do Coppertone disse que seus produtos seguem padrões de qualidade nacionais e internacionais. a Avon, do produto Avon Sun, divulgou que a Anvisa não obriga mencionar na rotulagem a indicação do fator de proteção UVA.

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