Em primeiro lugar é preciso explicar o que vem a ser uma arapuca. Arapuca é uma armadilha para caçar e capturar pequenos pássaros e, hoje, no linguajar comum, essa mesma palavra é usada para explicar uma cilada feita para surpreender alguém.

A atual crise econômica tem afetado o poder aquisitivo do cidadão brasileiro e ocasionado dificuldades para arcar com as suas obrigações.

O que chama a atenção é o fato de todas as pessoas com dificuldades financeiras não conseguirem pagar as faturas dos cartões de crédito, cujas administradoras cobram as mais altas taxas de juros das linhas de crédito, seja por pagamento em atraso ou mesmo quando do parcelamento da fatura. Assim, uma dificuldade momentânea de pagamento, pode transformar-se, com os juros exorbitantes cobrados, em uma dívida de montante impossível de pagar.

No Brasil não temos a cultura de lecionar educação financeira para os cidadãos, e isto é uma pena, pois vemos os consumidores comportarem de forma amadorística, gastando desmedidamente os seus rendimentos atuais e efetuando endividamento excessivo que irá comprometer sua renda futura. Por outro lado, as administradoras de cartões de crédito têm profissionais especializados em alavancar os seus lucros, seja com o aumento do volume de crédito ofertado, do número de cartões da bandeira, com os juros altos cobrados, etc.

O consumidor deve tomar cuidado e procurar se informar sobre todas as opções de crédito.

Já o consumidor endividado deve adotar imediatamente diversas ações para solucionar o seu problema.

A primeira ação é evitar todo gasto, adiar projetos, rever contas desnecessárias, com a finalidade de equilibrar o orçamento, tendo rendimentos maiores do que as despesas.

A segunda ação é elencar todas as dívidas, anotar o valor e o custo envolvido na dívida, principalmente a taxa de juros. Ligue para as Centrais de Atendimento dos bancos e administradoras de cartão de crédito pedindo a informação sobre o Custo Efetivo Total (CET) da dívida, o qual mostra o valor de todos os encargos e despesas a pagar na operação de crédito, como juros, taxas e impostos. O consumidor ao elencar as dívidas, perceberá que a de mais alto custo é a do cartão de crédito.

Agora, de posse da relação das dívidas e o seu custo, a terceira ação é procurar quitar os débitos com o custo mais elevado, no caso a dívida com os juros mais altos,.

A quarta ação é trocar a dívida, de montante maior e com custo elevado, por uma dívida com uma prestação fixa, adequada ao seu orçamento. Pode também ser feita uma oferta com desconto, com parcelas que caiba no seu orçamento. Agora, caso o seu cartão de crédito seja de banco, solicite ao seu gerente um crédito pessoal para quitar o cartão de crédito, pois terá uma taxa de juros menor e um prazo maior para pagar.

A quinta ação é utilizar os rendimentos para pagar as dívidas menores, as parcelas das dívidas refinanciadas de forma paulatina até quitar todas as dívidas.

A sexta ação é não fazer novas dívidas.

A sétima ação é ficar com apenas um cartão de crédito, preferencialmente de bandeira ligada a um banco comercial. Assim, destrua todos os demais cartões de crédito, para não usá-los novamente.

Por último, peça a ajuda e o apoio de um conselheiro financeiro, de preferência com conhecimentos jurídicos.

O cidadão comum pode se sentir culpado por estar endividado demais, mas a culpa não é somente dele. Existe uma indústria financeira com profissionais ofertando crédito o tempo todo, incentivando o endividamento, ao lado de um bombardeio de propagandas vendendo produtos e criando novas necessidades. É um duelo desproporcional com o consumidor sem educação financeira e por isto, considerado amador, sendo manipulado por uma indústria financeira profissional, a qual está o tempo todo armando arapucas do crédito.

 

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