É preciso estimular o medo, entende?
O medo é a raiz de tudo.
Cara tem de ter medo do que conhece. E, acima de tudo, do que não conhece.
Tem de ter medo do Estado.
Tem de ter medo do vizinho.
Tem de ter medo de quem pensa diferente. De quem vive diferente. De quem é diferente.
Tem de ter medo do ontem, do hoje e do amanhã.
O importante é alimentar o medo. Medo, medo, medo. A maior arma de dominação de todos os tempos.
Tem a ver com autopreservação. Tem sua raiz no egoísmo, no individualismo. É excelente pra formar hordas de covardes.
Mas o plano é o seguinte: quando todos estiverem com bastante medo, a gente lança um salvador. Ele tem de ter imagem forte, falar grosso, simples e alto. E, claro, pensar pouco.
Quem tem medo tem pressa pra se escorar em alguma coisa. E adora ficar à sombra. No cantinho do não-pensamento.
Como o medo paralisa a razão, tudo relacionado ao medo passa a ser urgente – mesmo que não seja.
Aí nosso salvador vai falar apenas sobre o que tem a ver com o seu medo. E daí se esse medo não faz sentido? O salvador não vem pra esclarecer. Ele vem pra tocar a raiz do seu medo.
Quando conseguir, pronto!
O salvador é o novo rei.
A partir daí, qualquer sandice que ele disser – por mais distante que seja do conhecimento, da realidade dos fatos ou da ciência – será a nova verdade. A nova Palavra.
2018 tem eleição. E é bem provável que hordas de covardes elejam novas hordas de salvadores.
Mais tarde, como dizia Drummond, “sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas”.

 

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