O ranking dos 30 times de futebol mais ricos do mundo na última temporada ( 2018 /2019, que, no hemisfério Norte, terminou em meados do ano passado) se concentrou em oito ligas européias, com um aumento do abismo entre as maiores equipes e os outros times.
O Barcelona chegou ao topo pela primeira vez, com receita equivalente a quase R$4 bilhões. O líder anterior, o também espanhol Real Madrid, caiu para segundo lugar, com cerca de R$3,6 bilhões, seguido do inglês Manchester United, com R$3,4 bilhões.
Segundo a 23ª edição do Football Money League (Liga do Dinheiro do Futebol, em tradução livre), que analisa o desempenho financeiro dos clubes, foi a maior diferença já registrada entre os dois primeiros colocados no ranking.
A lista, lançada anualmente pela consultoria Deloitte, traz 11 equipes inglesas, cinco italianas, quatro espanholas, quatro alemãs, duas francesas, duas portuguesas, uma holandesa e uma russa. E nenhuma brasileira.
O Brasil só chegou perto uma vez, em 2014, quando o Corinthians ficou em 24º, com receita de 113,3 milhões de euros.
Historicamente, a Deloitte atribui o abismo entre clubes brasileiros e europeus às diferenças no faturamento com direitos de transmissão negociados ao redor do mundo.
Esse abismo poderia ser menor se o levantamento considerasse o faturamento obtido com venda de jogadores ao exterior — que tradicionalmente engorda consideravelmente a receita de clubes brasileiros.
O estudo da consultoria só analisa receita com direitos de transmissão, vendas de ingresso e negócios como venda de camisas e licenciamento de marca.
De acordo com reportagem do Globo Esporte, o Flamengo previa fechar 2019 com faturamento de R$ 857 milhões, sendo quase R$ 300 milhões da venda de atletas e valor equivalente em direitos de transmissão de TV e prêmios.
O levantamento da Deloitte aponta que os dois times brasileiros que mais faturaram foram Palmeiras e Flamengo (109,9 milhões e 108,7 milhões de euros, respectivamente — e o último do top 30 teve 174,5 milhões de euros.
Mas as duas equipes brasileiras não aparecem no Top 30 e a Deloitte não informou em que lugar estariam.
Maior concentração de recursos
A concentração de faturamento nos clubes no topo do ranking é expressiva: os cinco primeiros colocados têm, juntos, faturamento de quase R$16,6 bilhões. O valor equivale à soma do que faturaram os 16 times que ocupam do 15º ao 30º lugar do ranking.
Há dois anos, a receita dos cinco primeiros somada tinha o mesmo patamar dos 11 últimos clubes do top 30.
Segundo o estudo, a disparidade financeira entre os times criam quase que miniligas separadas — a do topo envolve Barcelona, Real Madrid e Manchester United e a outra reúne Bayern Munich, Paris Saint-Germain, Manchester City e Liverpool.
“A consequência aqui é que para qualquer clube ultrapassar esse abismo de uma miniliga para outra demanda uma mudança significativa nas operações e/ou no desempenho do clube”.
Em um ano, os 20 primeiros clubes do ranking ampliaram seus ganhos com direitos de transmissão (16%), receita comercial (9%) e ingressos (4%).
Os mais bem colocados se mostram menos dependentes do dinheiro da TV. Quase metade do faturamento dos cinco primeiros vem do segmento comercial, e entre os 16º a 20º colocados, a fatia dos direitos de transmissão passa de 65%.
Receita de sucesso do Barcelona
De uma temporada para outra, o Barcelona deu um salto de 21%, passando de R$3,3 bilhões para quase R$4 bilhões, de acordo com o estudo.
O aumento é atribuído pela consultoria a uma iniciativa do clube espanhol de gerir mais de perto o segmento de negócios como licenciamentos e merchandising.
“O Barça é um claro exemplo de clube se adaptando às mudanças de mercado, reduzindo a dependência da receita com direitos de transmissão e focando o aumento de receitas que estão em seu próprio controle”, afirmou Dan Jones, integrante do grupo de negócios esportivos da Deloitte.
Em 2018, o Barcelona decidiu não renovar um contrato de mais de uma década com um braço da Nike e passou a gerir diretamente suas licenças comerciais.
Na última temporada, o faturamento do clube espanhol se dividiu em 46% com a operação comercial, 35% com os direitos de transmissão e 19% com a venda de ingressos.
Quem compõe o top 20?
Maiores receitas por time na temporada 2018-19 | ||
Posição | Time | Receita em euros nesta temporada e na anterior |
1 | Barcelona | 840.8 (690,4) |
2 | Real Madrid | 757.3 (750.9) |
3 | Manchester United | 711.5 (665.8) |
4 | Bayern Munich | 660.1 (629.2) |
5 | Paris St-Germain | 635.9 (541.7) |
6 | Manchester City | 610.6 (568.4) |
7 | Liverpool | 604.7 (513.7) |
8 | Tottenham | 521.1 (428.3) |
9 | Chelsea | 513.1 (505.7) |
10 | Juventus | 459.7 (394.5) |
11 | Arsenal | 445.6 (439.2) |
12 | Borussia Dortmund | 377.1 (317.2) |
11 | Atlético de Madrid | 367.6 (304.4) |
14 | Inter Milan | 364.6 (280.8) |
15 | Schalke 04 | 324.8 (243.8) |
16 | Roma | 231.0 (250.0) |
17 | Lyon | 220.8 (164.0) |
18 | West Ham | 216.4 (197.9) |
19 | Everton | 213.0 (212.9) |
20 | Napoli | 207.4 (183.0) |
21 | Milan | 206.3 (207.7) |
22 | Leicester City | 200.0 (182.8) |
23 | Ajax | 199.4 (-) |
24 | Benfica | 197.6 (150.7) |
25 | Wolverhampton | 195.5 (-) |
26 | Valencia | 184.7 (-) |
27 | Eintracht Frankfurt | 183.8 (-) |
28 | Zenit | 180.4 (-) |
29 | Porto | 176.2 (-) |
30 | Crystal Palace | 174.5 (169.0) |
Fonte: BBC News ||