Se mantiver a média dos últimos 30 dias de vacinação com primeira dose ou dose única, Belo Horizonte gastará mais 33 dias para imunizar todos os adultos da capital mineira.

Entre 5 de julho e 9 de agosto (30 dias, considerando o funcionamento dos postos), em média, 12.826 pessoas tomaram a primeira dose ou dose única no município a cada dia. Segundo a prefeitura de Belo Horizonte (PBH), com base no último censo realizado pelo IBGE, pelo menos 427 mil pessoas, entre 18 e 32 anos, ainda são esperadas para as próximas faixas etárias de imunização com primeira dose.

Assim, nesse ritmo, a vacinação da população acima dos 18 anos na capital terminaria no dia 20 de setembro, dentro das projeções esperadas pelo governo do Estado, que havia informado o fim da imunização dos adultos e início da imunização dos adolescentes ainda em setembro.

O ritmo de vacinação na capital ainda pode se acelerar ou atrasar, a depender das estratégias adotadas pela PBH e da chegada de novas vacinas ao município entregues pelo Ministério da Saúde.

Atualmente, a Prefeitura informa possuir capacidade para aplicar 50 mil doses por dia. No entanto, a média de doses aplicadas (primeiras, segundas ou únicas), por dia, no último mês, foi de 21.793. Especialistas alertam que é preciso mais vacinas para que a prefeitura consiga ampliar sua capacidade de imunização, mas isso também passa por estratégias. Na semana passada, o município optou, por exemplo, por dividir as faixas etárias de 35 e 34 anos, enquanto anunciava para essa semana novos grupos de imunização, mesmo essas faixas etárias não extrapolando a capacidade máxima na aplicação de doses diárias. A Prefeitura de Belo Horizonte não informou se a capacidade atual de imunização considera possíveis ampliações de horário. Somente há seis dias, a capital passou a contar com pontos de vacinação noturno. 

Nos últimos 30 dias, 22 de julho foi a data em que a PBH menos vacinou. Na ocasião, 12.021 pessoas foram imunizadas, sendo 5.868 com a primeira dose, 6.153 com a segunda dose e 838 com a dose única. Em contrapartida, no dia 20, 33.091 pessoas foram imunizadas – maior volume do último mês registrado em 24 horas.

Na avaliação do professor de epidemiologia e saúde coletiva da Universidade Federal de Alfenas, Sinézio Inácio da Silva Júnior, é preciso que as prefeituras liberem as vacinas que chegam à população o quanto antes. “A melhor estratégia é vacinar o quanto antes, especialmente quando já sabemos que temos a variante Delta na região. Quanto antes se vacina, se evita o contágio. Durante uma pandemia, é preciso controle epidemiológico rápido. Quanto mais se atrasa a primeira dose, mais se atrasa a imunização completa com as duas doses”, avalia o médico, que acredita que a estratégia da Secretaria Municipal de Saúde da capital mineira seja imunizar nem que seja pouco a cada dia, evitando, assim, parar a imunização por falta de doses, como tem acontecido em algumas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.

“A gente compreende que as prefeituras não querem frustrar a população, queimando todas as doses para depois ficar sem e não ter como cumprir o planejado na faixa etária seguinte. Politicamente, não é simpático e interessante”, analisou. 

O epidemiologista José Geraldo Leite Ribeiro faz ressalvas, por outro lado, e acredita que o modelo adotado pela PBH é mais eficiente do que o usado em outras cidades. “Vacinar não é só aplicar a vacina: você tem que organizar, avisar os grupos, treinar as equipes, distribuir os imunizantes. Esse não é o problema. O problema é a falta de planejamento e a falta de vacinas. Não adianta aglomerar as pessoas em três dias e ficar os outros três com os postos vazios por não ter mais imunizantes. Isso não é inteligente”, destaca o especialista. “É compreensível a ansiedade da população, mas não tem como fazer campanha sem vacina. Essa corrida por antecipar alguns dias não vai fazer diferença, você só tumultua”, considera Ribeiro. 

Fonte: O Tempo

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