Os bispos da Região Metropolitana de São José dos Campos se posicionaram contra a instalação da termelétrica de Caçapava, o que fazem muito bem e, aliás, estão de acordo com a Campanha da Fraternidade de 2025, que tem como tema “Ecologia Integral”. Dirão os pouco intencionados a serviço do petrodólar: mas precisamos de energia! Como se não houvesse opções, sim, no plural.

Diz a carta: Aos Fiéis, às Autoridades, a todos de boa vontade. “Quando os seres humanos destroem a biodiversidade da criação de Deus; trazidos para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais; quando contaminam as águas, o solo, o ar. Tudo isso é pecado. Um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus” (Laudato Si 8, Papa Francisco).

Considerando os alertas de pesquisadores reconhecidos e professores de instituições conceituadas como ITA, INPE, UNITAU, USP, UNESP, e FATEC, que se manifestaram técnicas contra a instalação da termelétrica, queremos também expressar nossa preocupação e solicitar às autoridades competentes que priorizem a busca de novas fontes de geração de energia que sejam renováveis e não específicas, pedimos que não permitam que interesses específicos se sobreponham ao respeito ao meio ambiente, à qualidade de vida e à vontade da população.

Uma pretensa transação econômica local deve ser considerada com cautela. O projeto prevê a geração de 1.750 Megawatts de potência, tornando-se maior na América Latina. Desta forma é necessário que a sociedade procure, perante a procura crescente de energia, uma transição urgente de soluções sustentáveis, que se demonstrem cada vez mais facilitada.

As consequências no clima vêm se diminuindo a cada ano com mais intensidade. Como o desastre climático que se abate sobre o Rio Grande do Sul, o aumento da temperatura acima da média e chuvas extremas que também ocorrem no estado de São Paulo e em outros locais do Brasil e no mundo.

A queima de combustíveis fósseis na usina liberará substâncias poluentes na atmosfera, como óxidos de nitrogênio e partículas finas, que podem causar ou agravar problemas de proteção e doenças cardiovasculares na população, principalmente em crianças e idosos.

Ainda provocará um aumento no custo da energia elétrica para os consumidores, desvalorização dos imóveis. E ainda pode exigir o deslocamento de comunidades locais, causando a perda de laços comunitários. Os benefícios econômicos serão benéficos para as grandes corporações, enquanto as comunidades locais arcarão com os custos ambientais e de saúde.

Como temos muitas hidrelétricas na região que podem trabalhar conjugadas com energia solar na produção local, sugiro o financiamento de cooperativas de produção solar para cidadãos de baixa renda e pequenos negócios. Um kit solar de 2,44 kWp (que gera 292 kWh por mês) custa instalado menos de R$ 5 mil. Para igualar a termelétrica, precisaremos de um milhão de kits, ou cinco bilhões de reais, lembrando que esse dinheiro volta aos cofres públicos após 20 meses e com juros, podendo financiar novos geradores.

 

 

COMPARTILHAR: