Blocos do Carnaval de Belo Horizonte divulgaram, nesta quarta-feira (1), nota conjunta orientando a não realização dos desfiles para a folia de 2022. O posicionamento foi divulgado pela Liga Independente dos Blocos de Santa Teresa (Si Liga), que reúne 23 agremiações. No documento, os blocos também cogitam, desde que se tenha condições sanitárias, a realização de eventos particulares.  

Essa é a primeira manifestação oficial dos blocos, desde que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou que o Executivo não vai patrocinar e apoiar a folia em 2022. A nota diz que em BH, diferentemente de outras capitais, a administração municipal não apresentou, desde o início da pandemia, nenhuma medida em auxílio aos blocos de ruas e aos profissionais que dependem dos desfiles.

O texto ainda ressalta que promover aglomerações, neste momento, seria uma irresponsabilidade sob vários aspectos. “A prefeitura nunca estabeleceu diálogo com os blocos para tratar do Carnaval. E nunca ouvi um bloco defender o desfile a qualquer custo. Todo mundo está pautando a vida em primeiro lugar”, pontuou o presidente da Si Liga, Kerison Lopes. 

Segundo ele, sem a estrutura logística garantida pela Prefeitura de BH com trânsito, limpeza urbana e segurança e o planejamento que é feito com, no mínimo um ano de antecedência, é inviável a realização dos desfiles, mesmo que os índices de pandemia apresentem melhora considerável até fevereiro.

A medida foi uma unanimidade entre os blocos. Uma alternativa cogitada pelas agremiações para manter as atividades e arrecadar recursos para a manutenção das atividades é a realização de eventos particulares. Porém, isso só ocorrerá se os índices da pandemia estiverem nas condições atuais ou melhores. 

“Vamos tentar fazer eventos fechados e que tenhamos condição de cumprir com o controle dos protocolos como a exigência do passaporte de vacinação”, complementou. Lopes também criticou a realização de eventos particulares em 2022 em BH, que terão a presença de cantores como Ivete Sangalo e Wesley Safadão. “É uma contradição, um absurdo, os produtores fazerem os eventos com artistas que não tem nada em comum com o Carnaval de BH e não convidarem um bloco para participar”, lamenta. 

Entre os blocos que assinam a nota estão o Volta Belchior, Bloco da Esquina, Divina Banda e Bloco da Sinara. 

‘NÃO TEM DEMOCRACIA’ 

Criador de um dos mais tradicionais blocos de BH, o Baianas Ozadas, Géo Cardozo, que também preside a Liga Belorizontina de Blocos Carnavalescos, destacou que o movimento ainda não tem uma definição sobre o assunto. Mas a tendência é seguir a direção da Si Liga. “Nenhum bloco que tem custo alto vai se arriscar a ir para a rua. Carnaval não é brincadeira, nós somos a engrenagem de uma cadeia produtiva da economia”. 

Segundo ele, falta sensibilidade por parte da prefeitura em relação aos trabalhadores que dependem do Carnaval. “O prefeito só enxerga o lado da brincadeira. O sentimento é de abandono, o mínimo que queríamos era diálogo para um planejamento como tem sido feito em outras cidades com festas grandes de carnaval. Mas em BH parece que a prefeitura só quer o lado bom da festa que os blocos promovem”, criticou Cardoso. 

Para ele, muitas agremiações perderam força e podem não ter condições de desfilar, por exemplo, em 2023, caso a pandemia permita a realização do Carnaval. Ele ainda pede uma mudança de postura por parte da prefeitura para tratar do assunto. “Não existe democracia na condução do carnaval de Belo Horizonte por causa da postura do prefeito e do seu secretariado”, finalizou.

Fonte: O Tempo

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