Além de ter uma das maiores cargas tributárias do mundo, o Brasil é um dos países mais injustos na hora de cobrar impostos de seus cidadãos. Os brasileiros são mais onerados sobre o que consomem do que sobre sua renda. O problema é que um tributo cobrado na compra de determinado produto ou serviço pesa proporcionalmente mais no bolso do cidadão pobre do que no do rico. Já a tributação sobre a renda ou patrimônio é mais justa, pois varia segundo a capacidade que cada um tem de contribuir.
Cálculos feitos pelo Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco Nacional) mostram que, enquanto a tributação sobre o consumo no país tem ficado em torno de 18% do PIB nos últimos anos, a tributação sobre a renda está num patamar bem mais baixo: 8% do PIB. De acordo com os dados mais recentes disponíveis, os impostos que incidem sobre produtos e serviços responderam por 53,57% da arrecadação do país em 2010. Entre eles estão o IPI e o ICMS. Já a tributação sobre a renda ficou em 24,97% do total recolhido em 2010, que somou R$ 1,278 trilhão, considerando as arrecadações federal, estadual e municipal.
Segundo o presidente do Sindifisco Nacional, Pedro Delarue, embora os cálculos da entidade só estejam atualizados até 2010, a estrutura tributária não melhorou nos últimos dois anos. Houve poucas mudanças. Os brasileiros continuam pagando muito sobre o consumo.
De acordo com levantamento do Sindifisco, a divisão entre impostos sobre renda e sobre consumo é muito mais equilibrada em outros países. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde o consumo responde por apenas 10% do arrecadado.
Segundo Delarue, a estrutura tributária brasileira precisa ser revista pelo governo para se tornar menos regressiva. Ele critica o fato de o país nunca ter conseguido implementar a cobrança de um imposto sobre grandes fortunas. Para o especialista, seria importante fazer a correção completa da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. Pelos cálculos da entidade, a defasagem na tabela alcançou 66,4% em 16 anos.

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