O atacante brasileiro Serginho, do Jorge Wilstermann, abandonou o campo antes do apito final após ser alvo dos insultos racistas proferidos por parte da torcida do Blooming, equipe da casa, no último domingo (17).  Após o protesto, o presidente da Bolívia, Evo Morales, manifestou sua solidariedade ao jogador que fez carreira pelo interior de São Paulo.

“Nossa solidariedade com Serginho, jogador do Jorge Wilstermann que ontem deixou o gramado, em forma de protesto, após ser vítima de insultos racistas vindo de maus torcedores. O futebol é um esporte que une os povos, não devemos permitir que seja manchado com esses atos discriminatórios – escreveu Morales em sua conta no Twitter”.

Sérgio Henrique Francisco, de 34 anos, que joga desde 2017 no Jorge Wilstermann, deixou o gramado do estádio Ramón Aguilera aos 40 minutos do segundo tempo. Ele estava para cobrar escanteio e, ao ouvir os insultos das arquibancadas, cruzou o gramado inteiro e deixou o campo de jogo (assista no vídeo abaixo, postado pelo seu técnico Miguel Angel Portugal).

Sentimento de impotência. A gente fica triste com a situação. Joguei 90 minutos, fora o aquecimento, sendo insultado e ninguém fez nada. Falei uma, duas, três vezes com o árbitro, e ele fez pouco caso. Depois, na última vez, fez uma menção de chamar o capitão do outro time para poder parar. E você fica nessa situação, impotente, sem forças. É uma coisa que machuca. É pior que tomar uma pancada, uma entrada no tornozelo”.

Antes de deixar o campo, o brasileiro já tinha reclamado com a arbitragem e, por isso, o uruguaio Latorre, do Blooming, pediu a sua torcida para parar. Na sequência, Serginho arranca do meio de campo e quase faz um golaço (assista também no vídeo abaixo). Ao se direcionar para cobrar o escanteio, ele voltou a ser alvo de racismo e deixou o gramado.

“Ele não voltou mais para o gramado. Ficou muito mal. Os filhos e a esposa estavam em casa com minha esposa vendo o jogo e choraram muito. E aqui na Bolívia já não é a primeira vez”,  disse o zagueiro Alex Silva, companheiro de Serginho no Jorge Wilstermann.

O ex-zagueiro de Flamengo e São Paulo estava no estádio e também foi alvo dos insultos da torcida adversária. Poupado, ele estava no banco de reservas e acabou expulso por conta de uma confusão entre os suplentes das duas equipes. Ao sair do campo, ouviu os gritos racistas. “Deu uma confusão entre os bancos de reserva das duas equipes e fui expulso. Ao sair do estádio, todo mundo começou a gritar “huuu”, “huuu”, “huuu”, imitando macaco. E aí depois toda vez que Serginho pegava na bola faziam o mesmo” completou Alex Silva.

Em evento da Conmebol nessa terça, o técnico do Jorge Wilstermann, Miguel Ángel Portugal, saiu em defesa do seu atacante. O clube boliviano estuda entrar com uma ação contra ao Blooming. “No domingo, eu tive um problema no campo com o Jorge Wilstermann. Um jogador meu, Serginho, foi insultado com insultos racistas. Eu creio que deveríamos ser muito duros com esse tema. Creio que não se deve permitir e creio que a confederação, a Conmebol, deveria passar a todas as confederações que, se isso aconteça, seja punido duramente à equipe que a faça”,  disse Miguel Ángel Portugal.

Com a derrota por 2 a 0 para o Blooming fora de casa, o time de Serginho e Alex Silva estacionou na quinta colocação, com 17 pontos – o Nacional Potosí lidera com 28. O Jorge Wilstermann é do mesmo grupo de Boca JUniors Athletico-PR e Tolima no Grupo G da Libertadores.

 

Fonte: G1||

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