No momento em que o país registra uma média superior a 3.000 mortes por dia por Covid, o mundo se fecha ao Brasil. O temor é que as variantes de Manaus e do Rio de Janeiro se espalhem por outros territórios com a mesma velocidade vista por aqui desde janeiro.

Até mesmo parceiros como China, União Europeia e Estados Unidos impuseram restrições ou proibiram a entrada de brasileiros. Neste momento, apenas sete países permitem a entrada sem a realização de uma quarentena de 14 dias. 

Vizinhos como a Argentina criaram barreiras intensas, deixando que apenas familiares de nativos possam entrar – após um teste negativo para o coronavírus. Bolívia e Paraguai não barraram completamente, mas exigem uma quarentena ao visitante e testes com resultado negativos.

Na terça-feira, a França anunciou a suspensão de todos os voos entre os dois países. No dia seguinte, o Brasil foi motivo de piada durante uma discussão na Assembleia Nacional francesa. Ao rebater a crítica de um parlamentar, o primeiro-ministro Jean Castex citou o país da América do Sul como um mau exemplo de combate à pandemia. “O senhor escreveu ao presidente da República em 2020 para aconselhar a ele que prescrevesse hidroxicloroquina. Ora, o Brasil é o país que mais a prescreveu”, disse Castex, arrancando risadas na ocasião. 

Poucos destinos possíveis

Caso algum brasileiro queira fazer uma viagem ao exterior sem passar por isolamento de pelo menos dez dias no local, ele só terá sete opções, segundo o site Skyscanner. O mais próximo é a Costa Rica, na América Central. Na lista também estão duas pequenas nações na Oceania, Nauru e Tonga, e dois países que estão entre os 20 mais pobres do mundo, o Afeganistão e República Centro-Africana. Macedônia do Norte e Albânia completam a lista.

Segundo o professor de economia e finanças do Centro Universitário UNA Cleyton Izidoro, as restrições são péssimas para a imagem do país no exterior. “Isso pode gerar uma xenofobia maior com brasileiros. Não sabemos como será para os brasileiros mesmo depois de resolver a pandemia. As oportunidades para brasileiros vão se reduzir, especialmente para estudo e trabalho”, explica. 

Para o presidente da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, isso poderá provocar um impacto sobre as relações econômicas, mas ainda não é possível mensurar: “Eventualmente, navios com tripulantes brasileiros poderão ter problemas. Mas como vendemos especialmente commodities e os navios são abastecidos rapidamente em nossos portos, por enquanto não tivemos problemas”.

Fonte: O Tempo

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