Juliana Creizimar de Resende Silva, uma das 270 vítimas da tragédia de Brumadinho, teve o corpo identificado nessa quarta-feira (25). O reconhecimento, o 261º realizado pela Polícia Civil, aconteceu no dia em que o desastre completa dois anos e sete meses. Ao todo, nove pessoas continuam desaparecidas no meio da enxurrada de lama.

Quando morreu aos 33 anos, Juliana deixou um casal de gêmeos que, na época, tinha apenas 10 meses de vida. Os bebês também ficaram órfãos de pai, já que o marido de Juliana, Dennis Augusto da Silva, que tinha 34 anos, foi outra vítima da tragédia. Os dois se conheceram na mineradora Vale e morreram juntos, também no local de trabalho.

Dennis foi enterrado em fevereiro de 2019, poucos dias depois que a estrutura de rejeitos se rompeu. A família, no entanto, não tinha tido a oportunidade de sepultar Juliana, uma vez que o corpo estava sumido. Os restos mortais só foram localizados na terça-feira (24) pelo Corpo de Bombeiros, que continua realizando um trabalho minucioso em busca das vítimas.

Assim que o cadáver foi achado, em uma área chamada de Remanso 1, a perícia técnica da Polícia Civil iniciou a investigação para “dar nome” ao corpo. Os trabalhos prosseguiram por toda a madrugada e, por meio da arcada dentária, a identificação foi confirmada.

Médico-legista da Polícia Civil, o delegado Ricardo Araújo informou que a corporação não tem medido esforços para identificar os corpos. “Existe um lado social e de assistência, que é de devolver a identidade a esse corpo para que ele possa ser entregue ao familiar”, declarou.

“A gente não pode falar em alegria em momento nenhum, a gente está falando da identificação (vítima) de uma tragédia. Mas a gente traz com serenidade e esperança de conforto esta devolução da identidade, de devolver o nome e poder em algum momento devolver para o familiar um pouco de dignidade”, declarou o especialista. 

Buscas continuam

O Corpo de Bombeiros informou que as buscas, que completaram 943 dias nessa quarta-feira, prosseguem sem previsão de término, “permanecendo o incansável propósito de localizar as joias restantes”. A corporação destacou que o terreno onde ocorreu a tragédia dificulta os trabalhos, mas salientou que 261 corpos foram resgatados.

“No exato dia onde a operação completa 2 anos e 7 meses, a efetividade de localização do CBMMG na operação Brumadinho ultrapassa o expressivo índice de 96,6%, sendo responsável por apoiar e dignificar o processo de luto de 261 famílias até o momento”, ressaltou.

Fonte: O Tempo

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