Em virtude da Copa do Mundo que vai acontecer em junho deste ano na África do Sul, foi realizado em fevereiro, em Joanesburgo, um encontro entre grupos de religiosas que atuam no enfrentamento ao tráfico de seres humanos no mundo. O objetivo foi a discussão de ações de prevenção ao tráfico, já que é alta a possibilidade deste crime acontecer em eventos esportivos mundiais.
Irmã Gabriella Bottani, integrante da articulação brasileira da Rede Um Grito pela Vida, disse que, na ocasião do encontro, as participantes decidiram como vai ser realizada a campanha que visa prevenir o tráfico durante a Copa na África. O foco das ações preventivas da campanha, segundo ela, deve ser na África do Sul e países vizinhos. A data para o lançamento oficial da campanha será o dia 6 de maio.
Ela explicou que, de modo geral, a campanha tem caráter preventivo e com as ações devendo ser direcionadas a, pelo menos, três públicos. A primeira intervenção será voltada aos jovens em grupos e escolas, e que se encontrem em situação de risco, nos países mais vulneráveis.
A segunda ação será focada nos potenciais traficantes involuntários, ou seja, aquelas pessoas que podem ser usadas inocentemente para servir ao tráfico. Isso está acontecendo na África do Sul, afirmou Gabriella.
Já a terceira intervenção deve ser direcionada aos torcedores de todas as partes do mundo que viajarão para a África a fim de assistir aos jogos da Copa. Irmã Gabriella ressaltou que, além dos torcedores poderem se envolver em situações possíveis de tráfico, há ainda ofertas de trabalho, onde as redes do crime organizado usariam a desculpa da Copa na África para aliciar e traficar pessoas.
Para prevenir os torcedores brasileiros a ficarem atentos e não caírem nas armadilhas do tráfico de pessoas, a coordenação da Rede Um Grito pela Vida vai se reunir em Brasília entre os dias 17 e 20 de março para desenvolver ações de prevenção e sensibilização. Queremos aplicar aqui, no Brasil, as ações discutidas na África. Já fizemos uma carta para os torcedores, outra para as vítimas em potencial e uma carta também para os traficantes involuntários, informou.
Irmã Gabriella disse que o trabalho de prevenção e alerta ao tráfico já está acontecendo na África, mesmo antes do lançamento da campanha. O motivo é a urgência em se enfrentar este crime na região, já que, segundo ela, atualmente, estão acontecendo muitos casos de tráfico envolvendo a África do Sul e a Tailândia. Muitas meninas tailandesas são traficadas para a África do Sul. É muito fácil entrar lá, alertou.
A facilidade de entrar no país e a realização da Copa é o que tem preocupado as entidades que lidam no combate ao tráfico de seres humanos. A África do Sul tem se mostrado um território de transição, conforme disse a religiosa.
Com este encontro nós já conseguimos fortalecer os laços entre as redes e também entre a África do Sul e a Tailândia, enfatizou. Ela lembrou que, na última Copa realizada na Alemanha em 2006, as ações de combate ao tráfico, executadas como uma primeira experiência foram bem sucedidas, já que houve um maior controle das pessoas que entravam no país.

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