O Dia Mundial de Combate à Hepatite é celebrado nesta quarta-feira (28) com um cenário de queda da doença em Belo Horizonte, acompanhada de um aumento no número de exames de diagnóstico. Há cinco anos, a capital registrava 617 casos da doença (sendo 408 da hepatite C, a forma mais grave), que é de notificação compulsória para os tipos A, B e C. No ano passado, o índice total caiu para 200 (desses, 135 notificações foram da variação C), uma redução de 67,6%, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). A diminuição expressiva se deu em meio à intensificação de ações de promoção a prevenção da hepatite.

O número de testes rápidos realizados na rede SUS de BH para detectar os vírus do tipo B e C, por exemplo, mais que triplicou. Em 2018, foram 14.804 exames, contra 52.982 em 2020, um aumento de 258%. Só neste ano, até junho, foram realizados 30.344 testes, média de 167 diagnósticos por dia.

O tipo mais comum de hepatite entre os belo-horizontinos é o C, que pode ser transmitido por meio do contato com o sangue infectado ou por relações sexuais sem o uso de preservativo. Se não tratada, a doença ataca o fígado e pode causar cirrose e câncer. Em Belo Horizonte, de 2017 até junho deste ano, foram contabilizadas 136 mortes por hepatite – dessas, 104 foram decorrentes da variação C.

De acordo com o infectologista Leandro Curi, a hepatite C é uma doença silenciosa e grave, que precisa de atenção e cuidado. “Para o diagnóstico, é necessário realizar exames de sangue. Qualquer posto de saúde faz. A forma C da doença é tratável no SUS.

Após o tratamento, o paciente consegue ter qualidade de vida. No entanto, se não tratada, ela pode evoluir para casos hepáticos graves e levar à morte”, explicou o médico.

Superação. O engenheiro mecânico Willian de Melo, 56, morador do Barreiro, em Belo Horizonte, descobriu que tinha hepatite C em 2015, depois de se consultar com uma dermatologista.

“Começaram a aparecer erupções na minha pele, por isso fiz exames de sangue, que detectaram a hepatite C”, contou. Um tratamento de alguns meses curou Melo do vírus, mas o fígado já havia sido atingido, e ele desenvolveu cirrose. Hoje, o engenheiro mecânico continua fazendo exames rotineiros. “Levo uma vida mais saudável possível. Tomei a vacina contra a Covid-19 com a turma da comorbidade, por causa do fígado. No mais, é vida normal”, detalhou Melo.  

Erradicar o tipo C é meta até 2030

A Prefeitura de Belo Horizonte esclarece que as hepatites B e C podem apresentar uma evolução silenciosa ao longo de décadas. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a proposta de eliminação das hepatites virais como um problema de saúde pública, e o Brasil assumiu o compromisso de erradicação da hepatite C até 2030.

Ainda segundo a prefeitura, diversas ações de prevenção são realizadas continuamente na capital, como oferta de testagem rápida nos centros de saúde e de preservativos, orientação quanto ao uso de materiais perfurocortantes e sensibilização das populações vulneráveis.

Fonte: O Tempo

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