“Perigo iminente”, como avaliou o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, a variante Ômicron do coronavírus pode se espalhar rapidamente pelo território nacional. Mesmo sem ter “desembarcado” oficialmente em Minas, a nova cepa, ainda pouco conhecida pela ciência, levou mais três Prefeituras a cancelar o carnaval. Até agora, 12 cidades proibiram a folia. 

Nessa terça, dois brasileiros testaram positivo para a mutação após teste preliminar em São Paulo, o que aumentou a apreensão das autoridades de saúde. Até sexta-feira (3), o resultado da análise genética de uma paciente internada na capital mineira deve ser divulgado. 

O caso suspeito da nova cepa em Minas é analisado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). A mulher de 33 anos, não vacinada, chegou recentemente a BH após passagem pela África, apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como local de origem da variante.

A paciente está internada no Hospital Eduardo de Menezes. Segundo a Funed, o prazo padrão para sequenciamento é de sete dias. No entanto, como se trata de um caso importante, a análise será feita em tempo menor.

O cenário incerto em relação ao desenvolvimento da pandemia, pois ainda não se sabe se a nova cepa é resistente às vacinas contra a Covid-19, fez as Prefeituras de Itamonte, Itanhandu e Passa Quatro, no Sul de Minas, desistirem da folia. A decisão, conjunta, foi anunciada pelas redes sociais. 

A festa atrai uma grande quantidade de turistas para os municípios e não há como garantir a segurança sanitária para a realização de um evento desse porte, alegaram os gestores. Eles também temiam que os municípios recebessem um público maior que o esperado em virtude do cancelamento da festa momesca em outras cidades da região. 

Inevitável

Para o médico infectologista Leandro Curi, assim como aconteceu com a Delta, é esperado que a variante Ômicron se alastre pelo país. “Se considerarmos as outras variantes de interesse, é natural que ela se espalhe. Um exemplo disso é que do anúncio (da existência) dela até aqui, já havia se espalhado para quatro continentes”, avaliou.

Segundo o professor de genética humana da UFMG, Renan Pedra, características específicas dessa variante podem representar um risco maior. Uma delas é o número de mutações encontradas na proteína Spike, trecho do material genético do vírus utilizado nas vacinas Pfizer, AstraZeneca e Janssen.

“Nenhuma das variantes tem mais de 10 mutações, e a Ômicron tem mais de 30. É uma preocupação, mas a gente tem que lembrar que a vasta maioria delas não leva a uma variação funcional. Tudo que especulamos neste momento é baseado no que vimos em outras mutações”, afirmou em entrevista ao Hoje em Dia na segunda-feira.

O pesquisador explica que uma noção mais segura sobre os riscos da nova cepa ainda deve demorar alguns meses, já que será preciso avaliar o comportamento da Ômicron em indivíduos para entender quais os sintomas e como ela afeta cada pessoa.

Segundo o prefeito Alexandre Kalil, a Prefeitura fará o possível para que o vírus não se espalhe. “O problema é juízo. Há um perigo iminente, está todo mundo estudando. Não é para pânico, estamos fazendo o acompanhamento total. Os números estão controlados”, garantiu.

Fonte: Hoje em Dia

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