A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) obteve lucro líquido de R$ 1,8 bilhões em 2009, segundo resultado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Deste total, cerca de R$ 1,3 bilhão foram originados nos setores de geração e transmissão. A empresa deve pagar R$ 980,7 milhões em dividendos aos acionistas.
A Cemig também deve aumentar o capital social este ano, com emissão de R$ 310 milhões em ações, além de entrar oficialmente no setor de desenvolvimento de sistemas de telecomunicações e informações. A estatal mineira vai apresentar oficialmente os resultados ao mercado nesta quinta-feira (25), em teleconferência.
Entre 2003 e 2004, a fatia dos negócios ligados à geração de energia no lucro consolidado ? que leva em conta todas as empresas da holding ? ficava entre 13% e 14%. Essa fatia saltou para 68% em 2009. Foi esse aumento de participação que deu musculatura para que a Cemig fosse às compras com apetite de leão. Tudo começou há cerca de um ano e meio, quando a companhia comprou linhas de transmissão no Norte e no Nordeste. Depois, em 2009, foi a vez da Terna Participações ? 4 mil quilômetros de linhas de transmissão ?, adquirida por R$ 2,33 bilhões.
Também no ano passado, a empresa ampliou sua participação na Light, do Rio de Janeiro, arrematando as participações da Andrade Gutierrez e da Equatorial por R$ 1,6 bilhão e se tornando controladora da companhia.
Agora, está em fase final de negociação para comprar a Ampla, distribuidora de energia do interior fluminense, além de cerca de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão de três empresas espanholas que atuam no Brasil, reunidas em sociedade na Plena Transmissoras, ativo calculado em R$ 3 bilhões. Isso sem contar a aquisição de 30% da energia da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira (RO), destinada aos clientes do mercado livre.
?Os contratos de longo prazo com clientes livres favoreceram o caixa da empresa. Essa foi uma das ações que mais agregaram valor na história da companhia?, diz o diretor comercial da estatal, Bernardo Afonso Salomão de Alvarenga. É isso, segundo ele, que está emprestando musculatura para a Cemig fazer aquisições, transformando-se numa gigante do segmento em menos de dois anos. As negociações com a Ampla e a Plena estão em andamento e devem ser fechadas antes do fim de junho.
Segundo Alvarenga, em 2004, quando o mercado livre ganhou roupa nova no Brasil, toda a energia da companhia, ou seja, 3.600 MW médios estava descontratada. Com a operação desverticalizada ? geração, transmissão e distribuição passaram a funcionar separadamente ? 70% da energia gerada pela Cemig passou a ser comercializada entre clientes livres, grandes consumidores de energia, ao contrário da estratégia comercial usada por então concorrentes como Light e Copel, que continuaram vendendo somente para sua distribuidora.
O mercado cresceu e a Cemig passou a atuar como trading: vendendo energia própria e também comprando e revendendo. ?A energia produzida pela Cemig não basta para atender à Cemig. Hoje, a energia comprada de outras geradoras já responde por 40% do total comercializado pela empresa?, diz o Bernardo Alvarenga.

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