Os 54 municípios atendidos pela regional de Divinópolis do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) e do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) no Centro-Oeste de Minas Gerais registraram uma redução de 25% no número de detecções do vírus HIV entre 2017 e 2018, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e do SAE.

Neste sábado (1º), o Dia Mundial de Luta Contra a Aids completou 30 anos de campanha. A ação visa conscientizar a população sobre os riscos da doença, que não tem cura até este momento e é causada pelo HIV. O vírus pode levar anos para se manifestar no organismo.

De acordo com o levantamento, as cidades que integram a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis diagnosticaram 320 casos de pacientes soropositivos na região em 2017. Já em 2018, até o final de novembro, foram 239 casos registrados.

O G1 conversou com a enfermeira e coordenadora do SAE, Francisca Vanizia. Ela contou que o serviço realiza o tratamento de mais de 1.800 pacientes com HIV de toda a região e faz cerca de 30 testes rápidos por dia para diagnóstico de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), como Aids, hepatite B e C e sífilis.

“Os pacientes chegam encaminhados dos postos de saúde, de hospitais particulares, até mesmo por encaminhamento direto do município ou do Hemominas, de diversos lugares. Todos os postos [de saúde] já foram treinados para realizar os exames, mas nem todos realizam diariamente, como o SAE”, afirmou.

No local, além de exames de detecção, também são realizadas ações de prevenção às DSTs, como distribuição de preservativos, segundo Francisca.

A enfermeira também afirmou à reportagem que o número de transmissões verticais, quando a mãe transmite o vírus HIV para os filhos ainda na gestação, diminuiu significativamente nos últimos anos.

“Não sei precisar o número, mas diminuiu significativamente e não temos nenhum caso registrado nos últimos anos. Toda mãe que tem uma situação de risco identificada no pré-natal é encaminhada para o SAE e realiza o tratamento. Depois, a criança é acompanhada até completar um ano e meio”, disse.

Acolhimento
O acolhimento, que é realizado antes dos testes fisiológicos, pode ser feito por um psicólogo, por um enfermeiro ou por um assistente social, conforme Francisca. Para isso, o paciente precisa responder a um questionário e expor ao profissional se teve alguma situação de risco.

Situações de risco, conforme Francisca, é o termo utilizado em casos onde se é possível contrair o vírus HIV. “É o caso de a camisinha ter estourado ou a pessoa não ter usado o preservativo etc.”

Em caso de situações de risco, o tratamento pode ser iniciado entre 2h e 72h após a exposição ao vírus, segundo o site do Departamento de Prevenção e Controle das DSTs, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Diagnóstico
Segundo Francisca, a maior parte dos testes realizados para confirmar a suspeita de Aids em Divinópolis são feitos através do “teste rápido”, que disponibiliza o resultado em até 30 minutos.

“Utilizamos duas etapas para diagnosticar se a pessoa é soropositiva ou não. Depois do primeiro teste, quando ele é positivo, fazemos um segundo teste e eles são enviados para um laboratório para confirmação. E a pessoa já é encaminhada para a consulta, que é feita no próprio SAE”, contou.

Tanto o teste quanto o tratamento são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Acompanhamento e tratamento
O acompanhamento é feito através de consultas, exames de carga viral (que apuram a situação do vírus HIV no corpo do paciente), atendimento psicológico e disponibilização de medicação – todos ocorrem de forma unificada no SAE, conforme a enfermeira.

“Toda o aparato é oferecido pelo SAE, desde a testagem até o tratamento, que, hoje, é feito através de apenas um comprimido. Não é mais o chamado ‘coquetel’. Ele virou uma coisa bem sucinta e, hoje, as pessoas, tomam no máximo dois comprimidos [por dia para controlar a Aids], dependendo da situação”, relatou.

Estado
Em todo o Estado, o número de detecções de Aids caiu 26% entre 2017 e novembro de 2018. De acordo com a SES-MG, foram 5.061 detecções em todo o ano de 2017. Já em 2018, até novembro, foram 3.732 detecções.

No entanto, os dados apontam um crescimento no número de casos de Aids em Minas Gerais entre 2009 e 2018 – com o maior número de detecções de HIV sendo registrado em 2017.

Brasil
O Brasil registrou uma redução de quase 16% no número de detecções de HIV nos últimos seis anos, segundo o boletim epidemiológico divulgado no último dia 27 pelo Ministério da Saúde.

Em 2012, a taxa de detecção era de 21,7 casos para cada grupo de 100 mil habitantes e, em 2017, foram 18,3- uma queda de 15,7%.

Apesar dos índices mostrarem a redução, a enfermeira do SAE em Divinópolis afirma que a impressão dos profissionais de saúde é de que mais pessoas estão procurando o atendimento.

“Às vezes, nós achamos que [a redução] é lenta. Nós profissionais achamos que está aumentando porque mais pessoas estão procurando as unidades. Mas, como antigamente nós não tínhamos toda essa tecnologia mais avançada, não posso falar que o número aumentou. Hoje, [por causa da tecnologia] existem outras ferramentas para o diagnóstico e as pessoas têm tido essa conscientização de se prevenir”, observou.

 

Fonte: G1 ||https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2018/12/02/centro-oeste-de-minas-registra-queda-de-25-no-numero-de-deteccoes-de-hiv.ghtml

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