A forte chuva que caiu na madrugada desta quarta-feira (7) em Formiga provocou vários estragos em ruas e residências da cidade.
No bairro Bela Vista, na rua Professora Isis Maria Pereira, parte da rua sobre um bueiro armico, que recebe as águas do córrego, desmoronou, formando uma cratera e ameaçando às residências próximas ao local.
O prejuízo maior foi na rua Agente Francisco Cruz, no bairro Sagrado Coração de Jesus, onde uma casa desmoronou pela ação da força das águas do córrego, danificando todos os bens e pertences dos moradores. Móveis foram carregados pelas águas. Um guarda-roupa foi parar no leito do riacho e obstruiu a passagem de água na entrada do armico, o que ocasionou a elevação das águas e gerou o problema na rua Isis Maria Pereira. Nesta manhã, funcionários da Prefeitura tiveram muito trabalho para retirar o guarda-roupa de madeira maciça e, no local, vários pneus também ainda se encontravam sobre o leito do córrego.
A destruição atingiu pelo menos outras seis residências na rua Agente Francisco Cruz. Em uma delas era possível ver a marca de três metros de altura deixada pela água da enchente na parede interna da sala. O barro tomou conta de todos os móveis e eletrodomésticos e o morador sofreu perda total. Outro problema resultante da enchente é que a residência agora apresenta diversas rachaduras e, se cair novamente uma chuva forte, o risco de desmoronamento é iminente.
Casas construídas nesta cidade, em encostas de rios sofrem, constantemente, com os estragos causados pela chuva. Na maioria dos casos, as residências mais antigas, foram todas construídas antes do Código Florestal em vigor, que data de 1965, e regulamenta a forma como o solo pode ser explorado. As Áreas de Preservação Permanente(APP?s) são locais vulneráveis. Beira de rios, topo de morros e encostas, que não podem ser desmatados e muito menos devem ser ocupados com qualquer tipo de edificação.
O novo Código Florestal, que foi aprovado no Senado nesta terça-feira (6), traz um conjunto de mudanças e regras sobre a preservação ambiental, o que inclui também a regulamentação da construção urbana em áreas de APP. Além do crescimento desordenado de casas em beira de rios e morros, uma das causas das enchentes urbanas são os lixos deixados em vias públicas, rios e córregos, o que poderia ser evitado se a população descartasse corretamente seu lixo.
Mais uma vez, o secretário de Gestão Ambiental, Paulo Coelho, alerta sobre o descarte incorreto de lixo residencial e entulhos diversos, descartados nas margens ou nos leitos dos rios córregos, ou ainda sobre o lixo colocado nas calçadas, fora do horário e dias determinados para a coleta. Estes, por ação de animais, de vândalos ou até mesmo pela ação das enxurradas, acabam entupindo bueiros e a rede pluvial.
Este lixo descartado assim de forma irregular, logo se transforma em verdadeira bomba relógio, pronta para explodir na primeira chuva. Logo, tudo é carreado, como dito, para os bueiros, redes de escoamento e leito dos rios e córregos, provocando o entupimento das manilhas e causando as inundações.
Estado de emergência
O prefeito Aluísio Veloso/PT assinou um decreto declarando situação de emergência no município. Tal situação de anormalidade é válida apenas para as áreas comprovadamente afetadas pelo desastre.
Ainda de acordo com estimativa da Defesa Civil, 100 pessoas estão desalojadas e destas, três ficaram levemente feridas. Quarenta residências foram danificadas e uma foi completamente destruída.
Com a declaração de situação de emergência, o Executivo poderá contratar serviços sem licitação, o que agilizará as obras de recuperação, além de receber auxílio do Estado e da União.
A Prefeitura já está estudando os projetos para recuperação das vias e pontes afetadas pela chuva. Na rua Agente Francisco Cruz deverá ser colocado um tubo ármico com 4.20m de diâmetro, para ampliar a passagem da água. Além disso, servidores municipais já iniciaram os trabalhos de limpeza desses locais.
Em entrevista ao portal Últimas Notícias e ao jornal Nova Imprensa, a secretária executiva da Defesa Civil de Formiga, Vera Moreira, falou sobre a chuva que ocasionou diversos estragos no município. ?A Cemig não nos forneceu quantos milímetros choveu. Eu pedi na quarta e na quinta-feira (8), era feriado em Divinópolis e Belo Horizonte, e ficamos muito atarefados por causa da chuva. Mas foi uma milimetragem acima da média, aproximadamente cem milímetros. Foi a partir da meia-noite que piorou a situação?.
Sobre a situação dos moradores que tiveram suas residências completamente destruídas pela chuva, Vera Moreira informou: ?As pessoas que se avizinham de córregos e rios, elas estão em área de risco. Além de ser APP, elas têm que entender que elas estão no quintal do rio e não o rio que passam no quintal delas. Quem chegou primeiro foram os rios e os córregos e a gente vem fazendo esse trabalho preventivo das pessoas que moram próximas a esses lugares ao verem que a chuva aumentou, que elas vão para um local seguro, em um ponto mais alto, onde a água não possa alcançá-las. Temos rios e 12 córregos na cidade?.
Segundo Vera Moreira, a Prefeitura ofereceu às pessoas que perderam praticamente tudo na enchente um imóvel público para ficarem provisoriamente. ?Essas pessoas não quiseram ficar em prédios públicos não, elas foram para a casa de parentes. A Secretaria de Recursos Humanos levou cesta básica e a assistente social está indo nesses locais para ver o que eles estão precisando?, informou.
De acordo com a secretária executiva, muitas vezes situações como essa que ocorreu nesta semana é uma tragédia anunciada. ?As pessoas sabem, já falamos que elas não podem permanecer em determinado local. Elas têm que entender que a Defesa Civil é pela vida, quando falamos isso, não sabemos a situação financeira de cada pessoa, o que a gente entende é que elas têm que preservar a vida delas. Se tiverem que perder alguma coisa, mais para a frente elas vão ganhar, morando em um lugar seguro. Próximo a um rio e córregos nunca vai ser seguro, mesmo fazendo galerias e pontes?, ressaltou Vera Moreira.
Previsão de mais chuvas
A previsão do tempo para os próximos dias é de chuva. ?Não estamos fazendo mais longas previsões, pois o homem acabou com toda essa certeza, está tudo muito incerto, faz frio, faz calor. Pode ser que caia chuva também na zona rural e não em Formiga?, explicou a secretária executiva da Defesa Civil.
Vera contou que são esperados para a segunda quinzena de dezembro até fevereiro 1.450 milímetros de chuva. ?Foi instalado um radar em Mateus Leme e ele leva informações até 200 quilômetros com exatidão e isso vai nos beneficiar. Teremos aqui informações de imediato?.
Ruas em estado precário
Todo cuidado é pouco para quem transita pelas ruas do município. A equipe de redação do portal Últimas Notícias e do jornal Nova Imprensa flagrou algumas vias em estado precário, onde há enormes depressões e calçamento solto.
Uma parte da rua dos Missionários no bairro Sagrado Coração de Jesus, em frente à igreja da comunidade, está servindo de bueiro para a água da chuva, pois o calçamento está solto e, devido à ação da força da enxurrada, o buraco que se formou está aumentando.
Moradores colocaram um objeto de madeira para sinalizar o buraco e os motoristas que passam pela rua têm de fazer um zigue-zague para seguir em frente.
Na quarta-feira (7),na praça Getúlio Vargas, uma parte da rua estava impedida para reparo e uma caixa de papelão sinalizava um bueiro com a tampa aberta.
Não é difícil encontrar pelas ruas da cidade calçamento solto e vias com enormes depressões, prestes a desabar a qualquer momento. É só sair de casa para ver.
A reportagem telefonou para o secretário de Obras, Rodrigo Bahia, para saber o que será feito para solucionar o problema nessas ruas, porém, ele não foi localizado nem retornou ainda a ligação.

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