A tão aguardada vacina contra a Covid-19, que começou a ser aplicada nessa segunda-feira (18), em ato simbólico em Minas, traz esperança, mas também vai exigir da população muita paciência. A aplicação das 577.480 doses da Coronavac – desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan – será emergencial e restrita.

Por enquanto não há como proteger toda a população nem estimar quando o imunizante estará ao alcance de quem não integra os grupos prioritários. Sem a previsão, manter o distanciamento, usar máscara e abusar do álcool em gel são alertas cada vez mais reforçados pelos médicos diante do avanço da doença. Atualmente, Minas tem 646 mil casos e 13.483 mortes pelo coronavírus.

Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A pasta espera vacinar cerca de 280 mil pessoas até o fim desta semana, entre profissionais da área que atuam na linha de frente contra a doença, idosos com 60 anos ou mais que estão asilos, pessoas com deficiência em casas de apoio e população indígena vivendo em aldeias.

Na capital e em municípios da Grande BH, a imunização pode começar hoje. A cidade espera receber 60 mil doses da Coronavac. Os imunizantes serão destinados, prioritariamente, a 30 mil médicos, enfermeiros, profissionais do Samu e UPA, dentre outros que prestam socorro aos pacientes com Covid-19. 

“A nossa única esperança é a vacina, não temos outra. Se não tiver imunização para os trabalhadores da saúde, quem vai cuidar da população?”, questiona a diretora-executiva do SindSaúde, que representa os 40 mil servidores estaduais da área, Neusa Freitas.

O Estado garante que todos os profissionais envolvidos na pandemia – universo de 227 mil -receberão as doses. Neusa Freitas, no entanto, promete acompanhar. 

“Tivemos uma reunião semana passada e fomos informados de que todos os servidores que atuam em BH seriam imunizados a partir de agora. Temos que acompanhar como será feito nos demais municípios”, disse ainda Neusa Freitas. 

Segundo ela, haverá um ato na Praça 7 nesta terça-feira (19) para alertar que, até dezembro, quase 800 trabalhadores da saúde já teriam morrido de Covid-19 no Estado.

O infectologista Unaí Tupinambás, integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 na capital, reconhece que ainda falta muito para se falar em proteção geral, mas comemora. “Recebemos essa vacina com muita alegria. Sei que vai demorar um pouco para atingirmos um quantitativo de pessoas vacinadas, mas é uma luz contra essa pandemia”. 

Professor da UFMG, ele reforça a importância de que a população siga com as medidas de proteção. “Estados Unidos, Canadá e Europa ainda vão sofrer com casos e mortes por Covid até fim de março, mesmo com o início da vacinação. Por isso, o quanto antes começarmos a vacinação por aqui, melhor. Podemos chegar mais preparados ao outono/inverno”, diz o infectologista.

Fonte: Hoje em Dia

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