A Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) de Divinópolis suspendeu as atividades em campos de futebol de dois clubes da cidade na tarde dessa quarta-feira (5).

Segundo a Prefeitura, os espaços afetados pertencem ao Clube dos Servidores Municipais, no Bairro Padre Libério, e ao Divinópolis Clube, no Bairro Belvedere. Ambos ficam às margens do Rio Itapecerica, que já foi identificado como área de infestação do carrapato estrela, principal transmissor da febre maculosa.

 

Conforme a administração municipal, a medida foi tomada devido ao risco da infestação do carrapato chegue a esses locais. Na cidade, já foram confirmados quatro casos da febre maculosa, dos quais três evoluíram para a morte dos pacientes.

Em nota, o Clube dos Servidores Municipais afirmou que apoia o trabalho da vigilância para garantir a saúde tanto dos associados quanto dos visitantes.

Interdições começaram em agosto

No início de agosto, o Município interditou o Parque da Ilha após a confirmação da morte de duas pessoas por febre maculosa e que teriam frequentado o local dias antes de apresentarem os sintomas.

Na última quinta-feira (30), o Centro de Treinamento do Flamengo, que também fica nas imediações do rio e do Parque da Ilha, também foi interditado.

Já na sexta-feira (31), a Prefeitura interditou o Estádio Waldemar Teixeira de Faria, o ‘Farião’, utilizado pela equipe do Guarani. Nesse dia, a Vigilância em Saúde informou que estava fiscalizando campos de futebol e escolas próximas às áreas ribeirinhas do município.

Na segunda-feira (3), foram suspensas as aulas na Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro, que fica ao lado do Parque da Ilha, e o Executivo comunicou que remanejaria os mais de 200 alunos da instituição para outro local, o que, até esta quarta-feira, ainda não havia sido definido.

Ainda foi interditado devido ao risco de infestação de carrapato o campo da Associação de Moradores do Bairro Danilo Passos.

A Secretaria Municipal de Saúde declarou em nota que está reforçando o trabalho educativo sobre os perigos da febre maculosa distribuindo panfletos e cartazes nas áreas consideradas críticas.

Casos de febre maculosa na cidade

O primeiro caso confirmado da doença foi o de uma jovem de 24 anos. Ela morreu no dia 30 de junho após dar entrada no Hospital São João de Deus (HSJD) com dores no corpo e febre alta.

O segundo caso é o de um idoso de 81 anos que morreu no dia 23 de julho. Ele foi internado no Hospital Santa Mônica com febre alta e dores no corpo. A vítima chegou a ser encaminhada à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não resistiu.

O terceiro caso é um idoso de 63 anos, que morreu no dia 4 de agosto. Segundo a Secretaria de Saúde, o paciente havia frequentado o Parque da Ilha, apontado pela Prefeitura como um dos pontos de risco da cidade. A Prefeitura também informou que o idoso chegou a ser encaminhado para o hospital, mas teve uma rápida evolução do quadro clínico.

O quarto caso confirmado na cidade foi o de uma criança de oito anos, aluna da Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro, que foi internada no Hospital São João de Deus com os sintomas da doença. Ela já recebeu alta.

Ministério Público

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou em julho um procedimento para apurar as medidas que a Prefeitura de Divinópolis vem adotando no controle de carrapatos, transmissores da febre maculosa, e da população de capivaras, principal hospedeiro do aracnídeo.

Segundo o MPMG, cabe ao Município a adoção de medidas de prevenção e controle da doença, além de assistência aos pacientes. As secretarias municipais de Meio Ambiente e Saúde foram notificadas sobre a instauração do procedimento, conforme o órgão.

Em nota, as promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e da Saúde, que vão conduzir a fiscalização, comunicaram que as respostas dadas pelas secretarias municipais serão analisadas e, caso as medidas tomadas pelo Executivo não estejam de acordo com a legislação ambiental ou sanitária, providências serão adotadas pelos promotores responsáveis.

 Doença do carrapato

A febre maculosa, ou febre do carrapato, é causada por uma bactéria que se hospeda em três espécies de carrapatos, sem o mais comum o carrapato-estrela. O aracnídeo, por sua vez, é encontrado em animais silvestres e domésticos.

Os primeiros sintomas da doença, como febre, vômito, dor muscular e manchas vermelhas pelo corpo, aparecem após sete dias da picada e pode acarretar falências renais e hepáticas e até a morte, caso não seja tratada a tempo.

Não só o carrapato adulto, mas também a larva e a ninfa do carrapato podem transmitir a febre maculosa e o controle do aracnídeo é a única forma de evitar a proliferação da doença.

 

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