No domingo, dia 16, mais uma vez o povo brasileiro foi às ruas. Na verdade, a motivação das manifestações é pelo fim da corrupção, como observou o Presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, em entrevista recente no Correio Braziliense, dizendo que “a corrupção também poderia ser superada com a ajuda de uma reforma política. Poder-se-ia ao menos prever melhor medidas que ao menos ajudariam a superar o problema da corrupção, que é uma praga. O próprio papa Francisco diz que a corrupção é uma praga que clama aos céus. É algo que destrói a vida das pessoas. O processo ainda não está concluído no Congresso; portanto, ainda não se pode perder a esperança.” Lembra ainda que “se não se criar uma nova forma de fazer política no Brasil, é muito complicado a gente continuar com esse esquema baseado em interesse mais particular, de grupos, de bancadas. Precisamos criar mecanismos legais para que a política, os políticos, as autoridades coloquem o bem comum acima de tudo.

Muitas vezes vemos brigas tremendas, mas nem sempre esses conflitos são por causa do bem do povo. São por interesses de grupos. Seria bom que brigassem por interesse público.” O fato é que os partidos políticos não tem sido capazes de atuar na solução da crise atual, e principalmente, no combate à corrupção, porque não há efetiva representatividade. É o que o Presidente da CNBB salienta, dizendo que a mobilização para combater a corrupção deve vir da sociedade, por isso o povo está nas ruas pedindo medidas para combater a corrupção, como afirma dom Sérgio: “E não é porque um assunto está há muito tempo no Congresso que ele deve ser resolvido logo. Por mais urgente que seja, se não há uma participação maior da sociedade”.

Mesmo nos debates sobre reforma política feitos recentemente, também no Congresso Nacional, não tem sido possível tomar iniciativas que, de alguma forma, haja soluções esse sentido, ao menos de alguma melhoria. Na realidade, o x da questão em toda esta crise não é tanto política, mas moral. Precisamos recuperar a moralidade que dá sustentação e vigor às instituições. Só assim iremos começar a recuperar o mínimo grau de confiança para promover a reforma política que se faz necessária. Uma reforma que recupere a credibilidade, a partir de uma ética voltada ao bem comum. A corrupção não é um mal fácil de combater, nem é um fenômeno somente dos dias de hoje. Mas, temos hoje muito mais meios para combatê-la com eficácia, em todos os níveis, e não só no campo político, pois aonde há o corrompido, há o corruptor. Faz-se necessário, portanto, uma cultura ética para o bem comum, que, a partir, da escola, da família, do ambiente do trabalho, e todas os demais espaços sociais, seja possível cultivar uma ética sadia, que afirme os valores da honestidade, do mútuo-respeito e da efetiva solidariedade. É pela educação que conseguiremos, a médio e longo prazo, construir esta cultura de vida, para que também no campo político, possamos chegar a uma democracia robustecida pela ética.

Queremos, portanto, que o clamor das ruas pelo combate à corrupção seja ouvido por todos aqueles que têm funções diretivas na sociedade, em qualquer setor, especialmente político, para que venha da sociedade a contribuição do que precisamos para que iniciativas concretas sejam tomadas, no sentido de colocar limites e garantir que as nossas instituições correspondam às suas finalidades sociais, como esperamos enquanto cidadãos que queremos um Brasil ético e solidário, com um desenvolvimento não somente de sua economia, mas principalmente de nação com sadios valores humanos. 

 

 

COMPATILHAR: