Os pais aprenderam a esperar e, muitas vezes, a odiar duas conversas sobre sexo com seus filhos: a primeira lição sobre de onde vêm os bebês, e uma discussão mais delicada sobre como levar uma vida sexual saudável quando se é um jovem adulto. Mas agora eles estão enfrentando uma terceira: a conversa sobre pornografia.
Não existe um roteiro pronto, nem um momento previsível para o diálogo. Ele pode acontecer aos 6 ou 7 anos, quando a criança talvez ainda não compreenda os mecanismos básicos do sexo. Normalmente, a conversa ocorre após um passeio acidental de uma criança pela internet, ou após a busca deliberada de um adolescente curioso em um smartphone, laptop, tablet ou um dos outros aparelhos que tornaram quase impossível crescer sem se deparar com materiais sexualmente explícitos.
Até mesmo uma pequena busca no Twitter ou no Facebook revela relatos, normalmente seguido por exclamações, de estudantes mais velhos que afirmam ter visto pornografia nos computadores ou celulares de colegas de classe.
Conforme disse Elizabeth Schroeder, diretora executiva da Answer, uma organização nacional de educação sexual com sede na Universidade Rutgers, seu filho verá pornografia em algum momento. Isso é inevitável.
Aí, os pais são confrontados com um novo dilema da era digital: é melhor tentar proteger os filhos de conteúdos explícitos ou aceitar que eles são tão generalizados que se tornaram um fato da vida e requerem uma conversa especial?
O senso comum afirma que regras estritas sobre o tempo passado em frente a uma tela de computador e a instalação de filtros irão resolver o problema. Entretanto, em vista do número de telas, grandes ou pequenas, que preenchem uma casa comum, essas estratégias podem ser tão eficazes quanto construir um abrigo na areia enquanto a maré está subindo.
Alguns pais ensinam seus filhos a fugirem de materiais explícitos, tão logo um deles apareça, enquanto outros tentam ser o mais abertos possível, filtrando os conteúdos quando as crianças são pequenas e contando com controles menos rígidos e conversas francas com os adolescentes.
Eu me lembro de como reagi quando meus pais disseram, algo como ?ah, não, isso é horrível!?, afirmou Chaz, consultor de software e pai de dois filhos que vive em Minneapolis. Ele se lembrava com clareza de como estava desesperado para olhar uma Playboy aos 14 anos. É o máximo da estupidez acreditar que meu filho não é assim, afirmou.
A conversa sobre pornografia que ele teve há pouco tempo com o filho de 12 anos foi iniciada por uma fatura cobrando um aplicativo do iTunes que mostra 1001 fotos de seios. Em vez de ficar bravo e dar uma bronca por causa da compra, ele se sentou com seu filho, perguntou se ele e seus amigos estavam interessados nesse tipo de conteúdo e, em seguida, explicou que havia instalado em sua rede um filtro de bloqueio, o OpenDNS, para impedir que ele acessasse os piores tipos de conteúdo.
É natural ficar curioso, ele falou para seu filho, acrescentando que, se ele planejasse olhar para conteúdos explícitos, deveria entrar em um site em particular, cujo acesso ele havia liberado, e que mostra fotos de mulheres nuas não muito mais picantes do que as que apareceriam na edição de roupas de banho da revista Sports Illustrated.
Muitos pais entrevistados pediram para que seus sobrenomes não fossem divulgados, de modo a proteger a privacidade de seus filhos.
O erro dos pais é esperar até que ocorra um incidente para conversar sobre sexo com os filhos. Fica mais fácil quando não é a primeira conversa, diz Marty Klein, terapeuta de Palo Alto, na Califórnia.

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