Um assunto que está mexendo com a vida de muita gente: ter dinheiro na conta e dívidas zeradas.
Raíssa divide os estudos da faculdade de psicologia com os cálculos da dívida que fez, ao contratar o financiamento estudantil. As parcelas do empréstimo só vão começar a ser pagas quando ela concluir o curso, em 2014. Mas ela já está se planejando.
?Eu acredito que até o fim do meu curso eu já esteja trabalhando. Acredito que, com esse emprego, eu possa pagar esse benefício, diz a estudante.
E é justamente na hora do pagamento que muitos estudantes encontram dificuldade: 37% dos quase 500 mil estudantes que receberam o financiamento estudantil do governo federal estão inadimplentes. Ticiana, recém-formada em fisioterapia, está entre eles.
Eu não consegui um emprego fixo para poder arcar com essa dívida que eu tenho com a Caixa, afirma a fisioterapeuta Ticiana Torres de Melo.
Para um analista do banco que opera o financiamento estudantil, o índice de inadimplência poderia ser menor, se houvesse mais planejamento dos universitários.
Alguns estudantes, mesmo tendo condições de pagar 50% do curso ou alguma outra porcentagem, ainda financiam os 100% e acabam pagando mais juros porque contratam mais do que realmente necessitavam?, explica o analista da Caixa Econômica Federal Igor Azevedo.
Mas os estudantes se defendem. Dizem que as altas taxas de juros é que são as vilãs da inadimplência. Em muitos casos, os estudantes recorrem à Defensoria Pública da União e as condições de cobrança das dívidas são revistas, principalmente, as taxas de juros.
Nos contratos feitos antes de agosto, a taxa de juros cobradas chega a 9% ao ano. Para os novos contratos, a taxa é de 3,5% ao ano. A defensoria quer que a cobrança seja igual para todos.
A mudança de juros é um evento que autoriza a possibilidade de se revisar, porque, na minha ótica, é como se fosse um reconhecimento do próprio governo federal da excessiva cobrança de juros. Ele tanto sabia que os juros eram excessivos que reduziu, diz o defensor público federal Feliciano de Carvalho.
A defensoria também reivindica as mesmas condições de carência. Nos contratos novos, o pagamento só começa seis meses depois da conclusão do curso. Ana Carolina não pode se beneficiar disso quando se formou.
Quando eu me formei, no mês seguinte já chegou o boleto que eu não esperava. Eu esperava, pelo menos, que viesse depois dois ou três meses. Quem teve que pagar o primeiro e o segundo mês foi o meu pai, porque eu não estava empregada ainda. Eu estava ainda a procura de emprego?, conta a farmacêutica Ana Carolina Pinto.

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