O cartão de crédito é a porta de entrada para as compras não planejadas e, por consequência, para o endividamento. De acordo com uma pesquisa da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio Minas), 53,6% das pessoas usam o cartão para compras que não estavam previstas e 63% não sabem sequer a taxa de juros cobrada pela operadora. Além disso, metade dos consumidores não sabe quanto paga de anuidade.
?O cartão é usado por impulso, em compras emocionais, e provoca um endividamento que não é consciente, diz a coordenadora do departamento de economia da Fecomércio Minas, Silvânia Araújo. O cartão é um facilitador de consumo. A pessoa gasta por impulso, como se o dinheiro não fosse dela e só descobre que tem que pagar quando a fatura chega, concorda o professor de finanças pessoais e ex-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Ofir Viana Filho.
A comerciante Roseli Guedes já sentiu na pele o que os especialistas explicam em teoria. Ela tem vários cartões – diz até que já perdeu a conta de quantos são -, compra por impulso, deixa o pagamento para o mês seguinte e tem limites de compras mais altos do que sua renda mensal. Com essa combinação explosiva, perdeu o controle do orçamento e até hoje enfrenta dificuldades para quitar uma dívida que começou com R$ 800 e já quadruplicou de valor. Hoje, eu evito andar com cartão na bolsa. Procuro deixar a maioria em casa. Realmente, é melhor pagar à vista, afirma.
Com o cartão, o comerciante não tem risco de inadimplência, mas, segundo Silvânia Araújo, ele também sente os efeitos do descontrole do consumidor. Como os juros são externamente elevados, a renda fica comprometida e inibe futuras compras, diz.
Três perguntas
Para evitar cair nas armadilhas do crédito fácil, o professor Ofir aconselha que o consumidor se faça três perguntas antes de comprar: é necessário? É a melhor hora para comprar? Está dentro do meu orçamento? Se as três respostas forem positivas, o consumo está liberado.
Ele completa que o pior caminho é justificar o gasto com o eu mereço. Todos nós merecemos o que há de melhor, mas merecimento não combina com planejamento orçamentário, contou.

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