A tarifa de energia elétrica das 17 maiores concessionárias do país ficará, em média, 6% mais cara no ano que vem. Até 2013, o valor da conta de luz vai subir aproximadamente 30% em comparação com as tarifas em vigor neste ano. A alta nos custos do uso da energia elétrica será puxada, principalmente, pela expansão da geração de energia em usinas térmicas a óleo e pela elevação de quase 100% nos encargos da Conta de Consumo de Combustível (CCC), subsídio pago por consumidores de todo o Brasil para que a população dos estados isolados do sistema interligado possa ser servida com energia gerada a partir de usinas térmicas.
Em 2010, a previsão era de que a CCC custaria aos consumidores R$ 2,4 bilhões, mas uma mudança no cálculo definida pelo governo federal fez esse número saltar para R$ 4,7 bilhões.
O impacto das térmicas que entrarão em operação até 2013 nos preços das tarifas é de 30% em termos de aumento real, segundo levantamento da PSR Consultoria. Desse percentual, 60% se referem à contratação de energia nova, em grande parte associada às termelétricas. Os 40% restantes virão da renovação dos contratos das concessionárias de energia, que expiram em 2012, 2013 e 2014. ?A expectativa é de que a renovação dos contratos estabeleça preços mais altos para os megawatts (MW) gerados do que os praticados até agora? , explica Priscila Lino, diretora de regulação da PSR e responsável pelas estimativas de aumento na conta de luz nos próximos anos.

Segundo o Instituto Acende Brasil, somente com o aumento do despacho das térmicas , definido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o custo adicional das concessionárias este ano será de R$ 600 milhões e pode encerrar o ano na casa do bilhão.?Isso seguramente vai afetar a conta de luz que é paga por todos nós?, diz Cláudio Sales, presidente da entidade. Apesar do custo, ele chama a atenção para o fato de que o Brasil precisa das térmicas como forma de complementar a geração hidrelétrica, pois, do contrário, faltaria energia para o uso da população e para girar a economia quando não houvesse chuva suficiente para encher os reservatórios das usinas hidrelétricas espalhadas pelo país.

Por outro lado, ele sustenta que não há explicação razoável para o encarecimento da CCC, uma vez que o número de estados brasileiros conectados ao sistema elétrico nacional está aumentando. ?O governo criou um mecanismo absurdo para dobrar o valor do encargo, quando ele tinha que cair, já que as regiões estão cada vez mais interligadas?.

Walter Froes, diretor-executivo da CMU, que comercializa energia no mercado livre, acredita que houve um aumento exagerado em matéria de despacho das térmicas em 2010. De acordo com ele, somente na semana passada isso já provocou uma elevação de quase 100% no preço da energia comercializada pelos consumidores livres no mercado spot, do qual participam grandes empresas que compram o insumo fora de contrato. ?Há um ano e meio isso não acontecia?. E a tendência é manter um nível elevado de uso das térmicas.

?O impacto disso virá nas contas pagas pelos consumidores, mas é preciso lembrar que o despacho das térmicas tem prós e contras. Se as térmicas foram construídas, é porque precisam gerar energia. Só não geram quando há muita chuva?. Em junho, de acordo com o ONS, os valores preliminares de carga de energia efetivamente usada no país cresceram 10,6% ante igual período do ano passado, mas caiu 0,7% na comparação com maio deste ano. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação é positiva em 6,5%.

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