Comprometimento da função reprodutiva masculina, queda das taxas de testosterona e risco de transmissão sexual. Estas são algumas possíveis consequências do coronavírus nas glândulas sexuais masculinas. 

Os resultados iniciais foram obtidos por pesquisadores do Laboratório de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre as consequências do coronavírus observados nos testículos humanos.

Foram estudados testículos de 11 homens que morreram por causa da ovid-19 entre janeiro e março de 2021. Eles ainda não tinham sido imunizados porque a vacina ainda não estava disponível. 

Os pesquisadores identificaram que os pacientes tinham o vírus ativo e infectante no testículo 26 dias depois da infecção pela Covid-19. 

Os dados sugerem que o microambiente testicular funciona como uma espécie de reservatório onde o vírus fica protegido.

Guilherme Matos, professor do ICB, explica que o testículo tende a evitar que as células de defesa do organismo ataquem o que está sendo produzido ali dentro.
 
“O coronavírus se aproveita desse ambiente favorável  para atacar as células que produzem os espermatozóides”, conta o professor.

Além da permanência do vírus por mais tempo no corpo, ainda existe a possibilidade de contaminação do sêmen, segundo o pesquisador. 

Os resultados inciais da  pesquisa revelam  que as consequências são impressionantes, como inflamação dos tecidos, provocando hemorragia e fibroses semelhantes às que ocorrem no pulmão. 

 “Daí a preocupação com a possibilidade do sêmen contaminado em pacientes com Covid-19 e com a demora na eliminação viral do corpo”, salienta o professor.  

Outra consequência desse “ataque viral” é a queda dos níveis de testosterona. “A queda chega a ser de até 30 vezes. Isso é impactante, porque está diretamente relacionado com a líbido e a atividade sexual”, complementa. 

Os resultados da pesquisa também podem ser importantes para a adoção de terapias antivirais capazes de impedir a replicação do vírus nos testículos. Segundo o pesquisador, “esse ataque viral provoca alterações  vasculares nos testículos, que podem comprometer a fertilidade dos pacientes que tiveram covid-19”. 

Os cientistas ainda não podem precisar se a infecção do vírus da Covid-19 no sêmem pode ser transmitida sexualmente. “É uma dúvida que tem de ser melhor investigada”, conclui Guilherme Matos. 

Os resultados em pacientes vacinados já estão sendo analisados.

Fonte: Hoje em Dia

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