O cenário econômico da pandemia do coronavírus é bem complexo, caracterizado pelas perdas de vidas produtivas, paralisia da atividade econômica, vultosos gastos públicos, deflação (queda de preços), demanda e oferta de bens diminutas, desemprego, baixa do preço das commodities e dos ativos.

Antes dessa crise, o mundo já tinha um cenário parecido (alto endividamento privado, tendência de baixa das taxas de juros, deflação, recessão) e temia a japonização, fenômeno vivido pelo Japão de 30 anos de deflação, crescimento pífio, adoção de estímulos monetários sem resultado, taxa de juros baixas sem gerar crescimento. Por isso, teme-se mais a deflação por gerar entesouramento e adiamento de consumo e de investimento, pois no futuro pode-se comprar os mesmos bens por preços menores, do uma inflação sob controle.

Essas perspectivas mudaram e a pandemia do coronavírus influenciará a inflação, juros e impostos.

Existem diversas forças a influenciar a inflação.

Um dos fatores é o aumento do endividamento das pessoas, das empresas e do poder público, e o temor dos governos estimularem a disparada da inflação para fazer as dívidas perderem o valor, como já ocorreu após as duas guerras mundiais.

Outro fator é o aumento do gasto público em um ambiente de oferta limitada de bens e, isso, teoricamente, pode ser indício de inflação, pois tende-se a leiloar produtos em um mercado com excesso de liquidez.

Além desses, as mercadorias chinesas contribuem, historicamente, para a baixa de preços, mas o recuo da globalização e o fim do predomínio dos produtos chineses, pode mudar esse quadro, com geração de pressões inflacionárias.

Entreanto, no geral, a inflação será baixa, devido os agentes estarem céticos com as incertezas do futuro e se esquivarão de demandar produtos e serviços.

Com a tendência de baixa da inflação, os juros acompanharão a tendência e cairão.

Os bancos centrais serão instados a atender as necessidades de manter a dívida pública administrável e manterão a taxa de juros em níveis baixos.

Os entes públicos terão dificuldades para impor novos impostos ou aumentar as suas alíquotas, mesmo pressionados a manter os auxílios para os vulneráveis, diante das dificuldades de retomada da economia.

Os bancos centrais acrescentarão às funções tradicionais de regulador das taxas de juros, a de compradores de títulos privados para regular o mercado financeiro e evitar a bancarrota de empresas e bancos, mitigar as perdas financeiras dos usuários.

Todos esses fatores exigirão dos governos e das empresas a busca de fontes de financiamento baratas, forçando os governos a utilizarem de recursos para manter a inflação e os juros baixos. Pela análise, temos tendência de ter queda de preços (deflação) e dos juros, além do aumento do endividamento público, com dificuldades políticas e práticas dos entes políticos aumentarem impostos.

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