O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, comentou, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, na manhã desta quarta-feira (19), os desmandos do presidente da República, Jair Bolsonaro, a respeito das negociações para compra da vacina CoronaVac do Instituto Butantan.
Bolsonaro, em postagem na internet, em outubro de 2020, desautorizou o então ministro, afirmando que não compraria o imunizante chinês. Segundo Pazuello, a fala do presidente em nada afetou as conversas com o Butantan, e teria sido “uma posição de internet” do mandatário do país.
Pazuello respondia o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre sua fala com Bolsonaro, em vídeo gravado após o presidente desautorizar o ministro.
No vídeo, o general aparece afirmando que “um manda e o outro obedece”. O militar do Exército minimizou o episódio, e argumentou que o presidente estaria fazendo oposição ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), principal responsável pela chegada da vacina ao Brasil.
Jargão militar
O ex-ministro contou que Doria gravou um vídeo com uma posição de política, afirmando que o governo federal iria comprar a vacina, e que isso causou uma reação de Bolsonaro. “Naquele momento, eu estava no segundo ou terceiro dia (infectado) com Covid. O presidente foi me visitar. A discussão era aquela. A internet estava bombando. Quem manda em quem? Era um jargão militar, uma posição de internet, e mais nada. Sentado num quarto, um manda e o outro obedece. Quem manda é ele, e eu obedeço. É um jargão simplório”, justificou-se.
“Nunca o presidente da República me mandou desfazer qualquer contrato ou acordo com o Butantan em nenhuma vez. O presidente da República fala como chefe de Estado, de governo, comandante em chefe das Forças Armadas, chefe da administração federal, e como agente político. Se pronuncia como agente político. Quando ele recebe uma posição política de São Paulo, ele se posiciona como agente político também. Eu queria dizer que a posição de agente político ali não interferiu em nada o que fazíamos com o Butantan. Nós tínhamos reunião com o Butantan semanalmente, idas e vindas, desde então, por novembro e dezembro, sem parar. Isso é realidade”, argumentou Pazuello.
Fonte: Estado de Minas