A esperança de vida ao nascer aumentou em três meses e 22 dias no Brasil, entre 2009 e 2010, segundo as Tábuas Completas de Mortalidade, divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de vida ficou em 73,48 anos. O aumento foi de três anos e dez dias em relação a uma década atrás. Desde 1980, houve um aumento de quase 11 anos na expectativa de vida do brasileiro.
Com o último aumento, desde quinta-feira (1º) já ocorre uma redução média de 0,42% no valor do benefício do trabalhador que se aposenta. O achatamento ocorre devido ao fator previdenciário, mecanismo utilizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para tentar adiar a aposentadoria dos trabalhadores mais jovens, penalizando quem se aposenta mais cedo por tempo de contribuição já que esse segurado, teoricamente, vai receber o benefício por mais tempo.
O cálculo leva em conta a idade do segurado ao se aposentar, o tempo de contribuição para a Previdência Social e a expectativa de sobrevida, de acordo com o IBGE. A nova tabela do fator previdenciário vale até novembro de 2012.
Newton Conde, atuário especializado em previdência, diretor da Conde Consultoria e professor da Fipecafi-FEA USP, estima que, no período de idade em que se concedem aposentadorias, ou seja, dos 41 aos 80 anos, a expectativa de vida dos segurados aumentou, em média, 41 dias entre 2009 e 2010.
Pela tábua de 2009, a expectativa de vida de um homem de 50 anos era de 29 anos. Na tábua em vigor atualmente, passou para 29,20. Com isso, a Previdência pagará o benefício para esse segurado até os 79,20 anos e não mais 79, o que representa um aumento de 71 dias no desembolso do governo federal.
Conde destaca ainda que não é possível generalizar. Vai depender da situação de cada segurado, já que a expectativa de vida para algumas idades não sofreu alterações e, para outras, foi agravada em mais de dois meses – 73 dias, no máximo, explica.
Regras
Para se aposentar por tempo de contribuição, o homem deve comprovar pelo menos 35 anos e a mulher, 30. Para se aposentar por idade, é necessário ter, no mínimo, 65 anos (homens) e 60 anos (mulher). Nesse caso, o uso do fator previdenciário no cálculo do valor da aposentadoria é opcional, sendo usado só se for beneficiar o trabalhador.
Uma mulher de 55 anos de idade, por exemplo, que tiver começado a contribuir com 25 terá um fator previdenciário de 0,714 (veja cruzamento na tabela ), logo receberá pouco mais de 70% do salário de benefício.
Mudança em 2012
No ano que vem, o impacto sobre o cálculo do fator previdenciário será maior. A esperança de vida deve dar um salto, porque as Tábuas de Mortalidade vão incorporar os dados do Censo de 2010.
Na última divulgação feita com base no Censo, o IBGE reviu a expectativa de vida de 17,9 anos para 20,4 anos em 2001.
Homens morrem mais cedo que mulheres
Rio de Janeiro. Embora o índice de mortalidade venha caindo, a violência ainda impede que a expectativa de vida dos homens se aproxime da registrada pelas mulheres. Em 2010, a esperança de vida feminina foi de 77,32 anos, contra 69,73 anos dos homens.
Os homens são 90% dos óbitos violentos, que afetam principalmente os adultos de 20 anos a 35 anos de idade. Isso faz com que a expectativa de vida deles não cresça tanto quanto poderia, já que são mortes evitáveis, explicou Fernando Albuquerque, pesquisador do IBGE.
Em São Paulo, a média de vida das mulheres é 8,3 anos maior que a dos homens. No Rio, essa diferença é de quase 9 anos, acrescentou o pesquisador.
A idade crítica, com probabilidade de morte maior, é aos 22 anos. A chance de um homem falecer nessa idade foi 4,5 vezes maior do que a de uma mulher. Com o avanço da idade, diminui a diferença para as chances de morte entre homens e mulheres. No entanto, aos 70 anos, a probabilidade de um homem morrer ainda é 1,5 vez maior que a chance de uma mulher vir a falecer.

COMPATILHAR: