Os senadores, deputados federais e estaduais e vereadores tiveram uma grande oportunidade de salvar o Brasil da crise hídrica grave que vivemos hoje. Novas crises virão e que serão, na média, piores a cada ano. Se já temos problemas de água para gerar energia elétrica, teremos escassez de água para beber.

Em março de 2007, eu escrevia o artigo “Verdade inconveniente e urgente” em que aproveitava o grande sucesso do documentário do Al Gore para denunciar a participação brasileira no aumento da quantidade de gás carbônico, especialmente a queimada de biomas brasileiros. Eu ainda mostrava as consequências nefastas da devastação da Floresta Amazônica.

Já naquela época, os cientistas do INPE deixavam muito claro que o desmatamento acelerado causaria um grande impacto para o clima de toda a América do Sul, não somente para a própria Amazônia, mas para o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil que se tornariam um grande deserto. Não exatamente um deserto do tipo do Saara, mas do tipo savana. Isso porque grande parte das chuvas de São Paulo e Brasília é devido à umidade que vem da Amazônia por um processo chamado de evapotranspiração, ouseja as árvores grandes e centenárias retiram água do subsolo amazônico através de suas raízes de até 18 metros de profundidades e umedecem o ar pela transpiração das folhas. Nem se falava em rios aéreos ainda. Sem floresta centenária do Amazonas, sem umidade e sem chuvas no Sudeste. O mais triste é queimar árvores centenárias inutilmente, nem para gerar energia. Um crime imensurável ao patrimônio nacional.

Há exatos dez anos, eu escrevia o artigo “Deserto mineiro” em que mostrava um estudo feito pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste, que estimava que um terço de Minas Gerais viraria um deserto em 20 anos, se continuasse a agressão ao meio ambiente. Em detalhes, além do aquecimento global, o desmatamento, a monocultura e a pecuária intensiva empobreceram o solo de 142 municípios daquele Estado, impactando um quinto da população mineira.

É claro que a seca deste ano tem como causa principal o fenômeno natural La Niña, que é causado pelo resfriamento das águas superficiais do Pacífico Equatorial, na região da costa do Peru. Quando as águas estão mais frias do que o normal, geram uma alteração na circulação de ventos e umidade. Na região Centro-Sul do Brasil, a tendência é de estiagem.

Cabe lembrar que se replantarmos a floresta amazônica, ainda assim vai demorar mais de cem anos para recuperar o efeito do rio aéreo que tínhamos décadas atrás. Será que agora senadores e deputados entenderão que precisam salvar a Amazônia e os outros biomas brasileiros? Cada dia conta.

Os deputados estaduais e vereadores também precisam agir para salvar as nascentes de águas e criar leis que identifiquem e protejam essas nascentes e ainda que incentivem o uso das águas das chuvas, cujas enchentes mostram o quanto de água gratuita é desperdiçada e que causam destruição. E água que deveria ser coletada na propriedade e ser infiltrada no solo para reposição dos aquíferos.

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