Em 15 de junho de 2009, eu chegava a Bariloche – Argentina, para participar da transferência de tecnologia espacial de Controle e Atitude para o satélite Amazônia-1 do Brasil. O trabalho duraria anos, mas as equipes seriam organizadas por atividades trimestrais. Eu, que já participara das reuniões em abril, participei continuamente até dezembro de 2010.
Eu via o projeto como uma mudança na história dos dois países. Quem é mais velho, lembra-se perfeitamente da corrida armamentista que o Brasil e Argentina viviam até o final da década de 1970. Eu era criança, mas lembro-me bem, por exemplo, quando o Brasil adquiriu dezesseis aviões de caça Mirage que chegaram ao país em 1973, era uma resposta à compra argentina de aviões supersônicos. Um fato curioso, lembro, ainda incrédulo, do âncora do jornal das 20h anunciar que um dos caças Mirage fora “abatido” por um urubu – pode ser falha de memória, já que os jornais registram um F5 recém adquirido que foi derrubado.
Além das aquisições de armas modernas, Brasil e Argentina desenvolviam uma indústria de armas e munições, programas nucleares e espaciais – entenda-se, foguete balístico-. A cooperação espacial era uma fase nova na integração entre essas duas nações irmãs.
Chegamos em Bariloche diante de uma forte “lluvia-nieve”, neve e chuva ao mesmo tempo. Um frio danado, um vento terrível. Estranhamos ninguém usar guarda-chuvas… Até tentarmos usar os nossos, foram destruídos em segundos no forte vento.
Para a primeira semana, eu tinha feito reserva em um hotel do centro pela internet. Não gostei e pela manhã mudei para um apartamento de frente para a rua, melhor acomodado, melhor sinal da internet, ótima paisagem. O café da manhã era simples, mas mais do que eu fazia em casa normalmente: pão, bolacha, manteiga, geleia, leite quente, café e mamão ou banana. Com medo do frio, comia tudo.
No primeiro dia, eu ficara chateado, o único canal brasileiro no cabo era a TV Band que estava fora dor ar. Mas, alegria geral, voltou no dia seguinte.
Os preços impressionaram, muitos produtos tinham o mesmo numerário que no Brasil, só que o Peso Argentino valia R$ 0,65. Taxi era uma pechincha, muito diferente do Brasil que tem serviço de taxi caríssimo.
O pão era de excelente qualidade. E fiquei surpreso com o custo do pão que era R$ 2,30 o kg, enquanto no Brasil era de cinco reais e com farinha subsidiada. Acho que deveriam mandar os padeiros para lá aprenderem a fazer pão! Achei algo que era mais caro em Bariloche: o arroz! Era o dobro do preço! Os produtos agrícolas argentinos eram excelentes, exceto o café e a batata doce que não era realmente doce.
A INVAP nos dera uma semana para nos estabelecermos na cidade, cedera uma funcionária do RH para nos apresentar os “corretores para alquilar un apartamento o casa”.
Eu e vários colegas – éramos 5 – ficamos no Bariloche Center. Eu aluguei um apartamento de frente para o Centro Cívico, onde aconteceu a maioria dos eventos da cidade. Mais para o fim de semana, “finde”, a chuva parou e ficou mais neve, uma diversão indescritível para quem nunca viu neve. Finalmente, o trabalho começaria.

 

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