A polêmica reforma do ensino médio, sancionada na quinta-feira (16) pelo presidente Michel Temer, vai impor a todos os estados brasileiros o desafio da readequação do modelo educacional para uma carga horária que deve aumentar pelo menos 25% em cinco anos. Em Minas, autoridades garantem que será difícil cumprir a meta nos 853 municípios em um período tão curto.

Para a Superintendente de Desenvolvimento do Ensino Médio no Estado, Cecília Alves, Minas não conseguirá executar as medidas propostas pela reforma sem um investimento direto do governo federal. Ela explica que, antes de iniciar as mudanças, o Estado irá discutir a reforma com a sociedade, ao contrário do que foi feito pela União.

“A readequação vai demandar inclusive a construção de novas escolas. Esses recursos têm que vir de um fundo nacional, com uma linha de crédito específica. Hoje, para implantar totalmente a reforma, oferecendo o ensino médio integral com os nove horários (7 horas diárias), o custo para o Estado aumenta em quase 80%. Se tivéssemos que aplicar a lei imediatamente ela seria inexequível”, pondera.

Custos

A oferta de itinerários formativos (uma seleção de que áreas serão lecionadas) também é desafiante e onerosa. “A lei diz que o estudante pode escolher seu itinerário. Mas, para isso, é preciso ofertá-los. Qual vai ser a nossa condição de oferecer, em 853 municípios, todos os campos? Não acredito que seja possível fazer isso em cinco anos. Vamos precisar criar pólos regionais, com arranjos territoriais que atendam essas demandas”, observa Cecília.

Para o pedagogo e professor da PUC Minas Carlos Roberto Jamil Cury, o custo que a reforma trará para os Estados já é um dos primeiros problemas a serem discutidos.

“Como os Estados, praticamente falidos, vão fazer para bancar essas 1.400 horas de carga horária depois que o governo federal se retirar? Minha comparação é com o legado da Olimpíada. Depois que o governo federal entregou as manutenções para os Estados, as obras viraram grandes elefantes brancos”, critica.

Estratégia

O presidente Michel Temer declarou, durante a solenidade de aprovação da lei, que a proposta é fruto de uma “ousadia responsável” do governo, que continuará defendendo a aprovação das “grandes reformas”.

Temer tem buscado, nos eventos oficiais, criar agendas positivas para tentar reverter a baixa popularidade do governo.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, declarou que a reforma do ensino médio é a “mudança mais estrutural” e “relevante” na educação pública e privada do Brasil que ocorreu nas últimas duas décadas. Ele afirmou que a medida promoverá uma “ação transformadora” no país.

O governo federal prevê investimentos de R$ 1,5 bilhão até 2018, o que corresponde a R$ 2 mil por aluno/ano e 500 mil novas matrículas de tempo integral.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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