Pelo menos uma vez por semana, a aposentada Cleides Silva de Almeida, 64, deixa todos os problemas diários de lado, coloca uma roupa e um par de sapatos confortáveis e vai praticar dança de salão. O que parece ser uma diversão como qualquer outra é, para ela, uma questão de saúde. Hipertensa, Cleides encontrou no embalo da música uma maneira prazerosa de se manter saudável.
Eu não tenho problema no coração, mas, sim, um fator de risco, que é a hipertensão. Para ficar bem eu faço um controle no médico e danço. Depois que comecei a dançar, minha pressão normalizou, porque vivia descontrolada, Quando eu não vou dançar, não fico bem?, diz Cleides.
?Até minha coluna começa a doer de tanto que eu acostumei. Sem contar que a gente acaba fazendo novas amizades, é muito bom, afirma.
De fato, uma pesquisa feita pelo cardiologista Romualdo Belardinelli, professor da Università Politecnica delle Marche e diretor da reabilitação cardíaca do Instituto do Coração Lancisi, em Ancona, na Itália, mostrou que a dança é boa saída para quem tem problemas cardíacos.
O médico estudou 107 homens com insuficiência cardíaca. Ele os dividiu em três grupos: os que fizeram exercícios aeróbicos – como andar de bicicleta -, os que dançaram valsa e os que não fizeram nada. O pesquisador concluiu que a recuperação foi a mesma entre os que praticaram atividades aeróbicas e os que dançaram, com a vantagem de a dança ser uma atividade lúdica.
De acordo com o diretor da Sociedade Mineira de Cardiologia, Estêvão Lanna Figueiredo, a dança só pode ser comparada a uma atividade aeróbica se praticada com frequência. O ideal, segundo ele, é que a pessoa dance pelo menos três vezes por semana, por 40 minutos a cada vez.
Os resultados, garante, são realmente positivos para o coração. A dança ajuda no condicionamento cardiovascular. Ela colabora para baixar a pressão arterial e pode diminuir a glicose, o colesterol e o estresse, que são fatores de risco, diz.
Timidez
O professor de dança Gustavo Mendes Siqueira, 25, sente isso na pele. Ainda na infância, com 8 anos, ele teve que operar o coração por uma má-formação congênita. O problema era muito sério. Depois que eu operei, o médico disse que eu precisava praticar atividades físicas, conta.
Inicialmente, Gustavo praticou artes marciais, mas, desde 2005, ele notou que a dança seria mais interessante. Achei a dança uma opção melhor porque, além de ser exercício aeróbico e mexer com o corpo, mexe com a autoestima. Eu até deixei de ser tímido quando comecei a dançar. Como a gente fica feliz, o coração acaba ficando bem também, afirma.

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