O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Wander Marotta suspendeu na tarde de terça-feira (18) a liminar que mantinha o então prefeito de Piumhi, Wilson Marega Craide, (Craidinho), no cargo. Pela terceira vez, desde setembro de 2013, o vice colocado nas eleições, Adeberto José de Melo (Deco) voltou à Prefeitura.
Na quinta-feira (20) uma equipe de reportagem do jornal Nova Imprensa/portal Últimas Notícias esteve na cidade de Piumhi para conversar com Deco, que reassumiu o cargo na segunda-feira (17) e, agora, tenta reorganizar administrativamente a Prefeitura, se inteirando melhor sobre a situação atual da administração.
De acordo com o assessor jurídico de Deco, o advogado Giovanni Badinhani, a medida cautelar que mantinha Craidinho como prefeito tinha validade até a data do juízo de admissibilidade do recurso (18 deste mês) que foi negado, quando se devolveu o cargo para seus clientes, Adeberto José de Melo (Deco) e seu vice, José Seabra de Oliveira. Ambas as partes recorreram à esfera superior, em Brasília, onde o exame de mérito dos recursos ainda será julgado pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
Tanto a defesa de Craidinho como a de Deco, também pediram em Brasília, medidas cautelares para manter seus clientes nos cargos até o julgamento final do caso. ?Nossa expectativa é de que nosso pedido seja atendido. Se forem seguidas as jurisprudências e a lei, que pede para que sejam evitadas as alternâncias de poder, se seguirem essa linha, o Deco permanece no cargo?, disse o advogado.
No Gabinete Municipal, a equipe de reportagem foi recebida pelo prefeito que, em entrevista, falou sobre suas preocupações ao reassumir o cargo, com todas as responsabilidades a ele inerentes e ao mesmo tempo conseguir evitar maiores transtornos à população não interrompendo as ações cotidianas, necessárias e vitais para um melhor atendimento dos munícipes.
Sobre a cassação de Craidinho
?Acho importante dizer, logo de início, que não foi a minha coligação que provocou o Ministério Público para investigar qualquer coisa sobre o outro candidato. A eleição foi acirrada, a diferença foi pequena, mas eu não tinha interesse de recorrer. Foi o Ministério Público que não aprovou as contas da campanha dele. A partir de então, nos tornamos parte interessada?,
Como administrar
Empresário de sucesso na cidade de Piumhi, com empresas em vários setores, Deco falou sobre o desafio de administrar a cidade e sobre o que pretende fazer, de imediato. ?Nesse primeiro momento, queremos agir com cautela. Estamos encontrando dificuldades nessa parte, de organização. Como sou empresário, administrador tenho um ponto de vista diferente de quem é político?, comentou o prefeito. Ele afirma que, a princípio, foi constatada a existência de ?inchaço na máquina pública?, o que diante da queda dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é preocupante, pois esse gasto (excessivo) pode gerar problemas para a cidade. ?Vamos ter que tomar providências pelo bem da cidade, algumas delas serão desagradáveis, mas acredito, precisam ser tomadas e com rapidez?.
Deco informou ainda que, mesmo com o aumento da arrecadação no início do ano, devido ao recebimento dos recursos oriundos do IPVA, hoje não está sobrando dinheiro no caixa da Prefeitura. Ao contrário, está faltando verba para arcar com todos os gastos, daí a necessidade de se promover alguns cortes.
Obras
Com o início de algumas obras na cidade em 2013, parte da população teme quanto à possibilidade de paralisação das mesmas. Há ainda as não concluídas, que vieram da gestão anterior. Sobre esse assunto, Deco disse: ?paralisar as obras, traria um prejuízo maior, então a gente tem que continuar. Até porque elas estão sendo feitas pelo bem do município. Se alguma não estiver dentro da lei, ou não trouxer benefício para a comunidade a gente vai estudar para saber o que fazer?,
Recursos estaduais e federais
Sendo membro do mesmo partido do ministro Antônio Andrade, e contando com o auxílio do representante regional e da cidade de Piumhi, o assessor Frank Almada (que esteve presente ao encontro), o prefeito espera trazer com a ajuda do ministro, recursos para o município. Até o momento, já estava acordado, por sua interferência, mesmo antes de sua retomada ao cargo, o envio de uma patrulha rural, um caminhão, uma retroescavadeira, além de recursos para a Santa Casa da cidade.
Como se trata de um ano eleitoral, Deco espera conseguir o máximo em repasses, possível, até quando isso é permitido. ?Em ano eleitoral é mais difícil mesmo, então precisamos ter cautela e administrar com muita ponderação, porque o ano será de verbas curtas?.
No encerramento da entrevista, o agora prefeito de Piumhi disse que espera permanecer no cargo até a conclusão do processo e, assim, pelos quase três anos que restam de mandato.
Entenda a pendência política de Piumhi
A cassação de Craidinho foi pedida após serem constatadas várias irregularidades durante o procedimento de prestação de contas dos gastos realizados pelos requeridos durante a campanha para as eleições de 2012, os quais deram causa à desaprovação das contas.
No processo foram apontadas as seguintes irregularidades:
1) Aplicação em campanha pelo candidato Wilson Marega Craide, em espécie, do valor de R$26.279,04 (vinte e seis mil, duzentos e setenta e nove reais e quatro centavos) de recursos próprios, que não foram declarados em seu registro de candidatura;
2) Realização de despesas após a data da eleição, em cheque no valor de R$ 2.374,24 (dois mil, trezentos e setenta e quatro reais e vinte e quatro centavos), valor este, que não está registrado no extrato bancário e nem na conciliação bancária
3) Aplicação em campanha pelo candidato José Cirineu Silva (vice) do valor, em espécie, de R$ 101.730,00 (cento e um mil, setecentos e trinta reais) de recursos próprios que não foram declarados em seu registro de candidatura.
O Juiz Dr. Christian Garrido Higuchi proferiu uma decisão de 1º grau, em 11 de setembro de 2013, desaprovando as referidas contas, a ação julgada procedente em primeira instância pela Justiça Eleitoral com cassação de diploma, posse do segundo colocado e impondo a inelegibilidade do atual prefeito. Desde então, entre pedidos de medidas cautelares à cassação das mesmas, houve três alternâncias de poder.
Enquanto não se chega a uma decisão transitada em julgado, mais de ¼ do mandato já se passou e a população da Cidade Carinho continua aguardando para saber quem será, em definitivo, o prefeito desta importante cidade desta gestão.

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