A semana foi de muitas movimentações por parte dos que têm lutado pelo estabelecimento de uma cota mínima no Lago de Furnas. Em Formiga foi realizada, na segunda-feira (17), a primeira reunião do grupo denominado “Pró-Furnas 762”.

No encontro, os componentes do grupo discutiram as formas de enfrentamento que pretendem levar adiante, no intuito de resolver o problema crônico da baixa do Lago de Furnas.

A reunião foi aberta pela presidente da Acif, Isabel Cristina Castro Pereira. Após serem iniciados os trabalhos, Thadeu Alencar explicou os objetivos do Pró-Furnas e deixou claro que aquele era um movimento da sociedade civil, criado para lutar em favor da instituição da “762” como cota mínima para o Lago de Furnas, garantindo-se assim o uso múltiplo das águas, sem prejudicar a geração de energia.

Pedro Gustavo, um dos fundadores do movimento e proprietário do Farol da Boa Esperança, relembrou sobre a época da seca aqui havida nos anos 2000, citando George Norman Kutowa, José Afonso de Alencar, ele próprio e outros que, inconformados com a situação de inércia dos órgãos públicos já se mobilizavam na defesa da manutenção dos níveis do lago. “Hoje, com muito mais motivo, é preciso recrudescer aquele movimento”, disse.

Durante o encontro, foi explicado que o primeiro ato oficial do movimento se deu no fim de 2019 com a entrega de uma carta de reivindicações ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, quando se explanou sobre a questão em foco.
Hoje, o vertiginoso crescimento do grupo, traduzido em apoio, faz com que se ganhe novos adeptos a cada hora, através das redes sociais, mostrando assim, a indignação crescente do povo mineiro e a necessária organização para que se possa obter êxito no objetivo de se estabelecer a cota mínima pretendida.

O ex-prefeito de Formiga, Juarez Carvalho, o advogado Mozar Arantes, o jornalista Paulo Coelho, o vice-presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas), Leonardo Santos Gabriel e diversos outros usuários, empresários e amigos da causa do Lago de Furnas, também fizeram uso da palavra manifestando suas opiniões sobre a importância do lago, comprovando como ele mudou a vida de Minas Gerais e como a instabilidade gerada pelo sumiço de suas águas prejudica a todos.

José Afonso, um dos fundadores do movimento, fez uma explanação para o público sobre o histórico do Lago e de sua relação com a Hidrovia Tietê-Paraná, detalhando os motivos das águas serem desviadas para o atendimento daquele local.

Foi explicado também, que a Hidrovia é gerida por uma “Sala de Crise” que foi instaurada pela Agência Nacional de Águas (ANA), da qual fazem parte dezenas de membros, nenhum deles representando Minas Gerais.

Diante disso, os presentes concordaram que a Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago) deveria ser a representante de Minas nesta “Sala de Crise”, e que o movimento apoiaria esta indicação com a condição de que o jornalista Paulo Coelho, que na reunião do movimento já representava a associação, fosse também seu “porta voz”.

Na mesma reunião definiram-se os próximos compromissos da agenda do movimento que vão desde reuniões com parlamentares até a participação em audiências públicas, como a que foi marcada para o dia 7 de março em São José da Barra e a do dia 9 de março na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Por fim, ficaram também definidas as regras do movimento, algo que para os fundadores é de extrema importância para que o “Pró-Furnas 762” não perca sua essência e nem o seu objetivo:

Logotipo do grupo “Pró-Furnas 762”

1 – Conceito do movimento: o Pró Furnas 762 é um movimento da sociedade civil destinado à luta pela manutenção de uma cota mínima para o Lago de Furnas (cota 762);
2 – Todos os membros devem informar quem são, de qual cidade e se estão ligados à alguma atividade empresarial, profissional, entidades da sociedade civil, se são apenas usuários do Lago ou amigos da causa;
3 – Assunto do grupo é exclusivo e restrito à discussão, debate e proposições para manutenção da cota 762 de Furnas;
4 – Vedados outros assuntos nos grupos de discussão. Haverá advertência inicialmente para apagar posts diversos no caso de redes sociais;
5 – Temos interesse de ser parceiros das Prefeituras, do Governo Estadual e Federal, entidades e associações mas o grupo é restrito à iniciativa privada, acadêmicos, profissionais diversos e sociedade civil em geral, sendo um movimento composto por pessoas e que pode ser apoiado pelos citados acima;
6 – Expressamente proibido qualquer tipo de manifestação ou atitude de cunho político partidária dentro do movimento.

Outros apoios à causa

Entidades diversas como Federaminas, Fiemg, Sindijori, Associações Comerciais, Amirt, e Patronato São Luís, vários prefeitos, Câmaras de Vereadores, empresários e um grande número de deputados federais, estaduais e de ministros de Estado, em especial nas últimas semanas, têm trazido a público suas falas na Assembleia, na Câmara e no Senado, hipotecando apoio à causa.

Outro apoio importante é do secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Toninho Costa, que se dispôs a encaminhar às autoridades em Brasília, documentos e a reivindicação a ele direcionadas pela Alago e Pro-Furnas 762.

O senador Rodrigo Pacheco e o deputado estadual Professor Cleiton apresentaram no Senado e na Assembleia os projetos a seguir:

Emenda à Constituição Estadual

Na esfera estadual, na segunda-feira, o deputado Professor Cleiton apresentou na Assembleia Legislativa De Minas Gerais (ALMG), uma proposta de emenda constitucional que transformará os Lagos de Furnas e Peixoto como patrimônio do povo mineiro. Tal ato obrigará Furnas a cumprir a cota mínima do nível da água!

“Por essa emenda será estabelecida uma cota mínima para o funcionamento dos mesmos. O que não compromete em nada a finalidade inicial que é a geração de energia através desses lagos”, comentou o deputado.

Professor Cleiton considera que a aprovação de tal emenda será uma luta, pois a mesma estabelece que o Estado de Minas terá a obrigação de manter a cota mínima. A informação é de que 66, dos 77 deputados estaduais já haviam assinado requerimento para a tramitação da emenda até a quarta-feira (19).

A ação foi considerada histórica por parte do deputado que há algum tempo tem batalhado para o estabelecimento da cota 762 no lago de Furnas, possibilitando o uso múltiplo das águas.

Audiência discutirá nível de Furnas

Na terça-feira (18), a Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou, requerimento do líder do Democratas, Rodrigo Pacheco, convocando audiência pública, no dia 5 de março, para debater o baixo nível da água da Represa de Furnas, no Sul e Sudoeste de Minas Gerais.

Ainda na terça-feira, em visita ao gabinete do senador, o próprio presidente da central elétrica, Luiz Carlos Ciocchi, reconheceu que o nível da água do reservatório “está baixo”.

Além dos dirigentes de Furnas, a audiência contará com as presenças de diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Nacional das Águas (Ana) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

Em dezembro do ano passado, o senador Rodrigo Pacheco se reuniu com os diretores da Aneel e do ONS.

Na ocasião, ouviu dos representantes do setor elétrico que um dos motivos para o baixo nível da represa é que a água de Furnas (maior extensão de água de Minas Gerais) tem sido desviada para abastecer a hidrovia do rio Tietê, em São Paulo

“Temos que saber as reais razões disso. Se o problema é de uma obra em São Paulo, que busquemos medidas para resolver essa questão. Se eventualmente é algum objetivo de ter mais lucro, em razão da produção de energia elétrica, que se freie isso para preservar outros valores da represa, como o turismo, a lavoura, a produção de peixes. Tudo isso é tão importante quanto a produção de energia elétrica”, afirmou Rodrigo.

De acordo com o senador, a situação de Furnas está tão grave que deixou de ser uma preocupação para se tornar uma “exigência de soluções”. “Recebi o presidente de Furnas justamente para ter clareza a respeito dos motivos pelos quais o nível da água está tão baixo. A partir do momento que identificarmos os reais motivos, e não há mais margem para especulação, vamos atrás de soluções imediatamente”, enfatizou o líder do Democratas no Senado.

O reservatório, que em dezembro estava com 12,23% de sua capacidade, registra um baixo nível de água, mesmo após as fortes chuvas que assolam Minas Gerais nos últimos tempos. Mais de 500 mil pessoas em dezenas de municípios mineiros dependem da represa.

A busca por explicações sobre o baixo nível de água da represa é um assunto que o senador tem acompanhado de perto. “O objetivo dessa audiência, respeitando todos os agentes que participarão, é buscar de maneira enfática uma solução para este problema que tem assolado o Sul e o Sudoeste de Minas. São inúmeras pessoas, de vários segmentos, que reivindicam a clareza em relação aos motivos do baixo nível da água e a solução definitiva para o caso”, destacou Rodrigo Pacheco.

Confira a lista com os nomes de deputados e senador engajados nessa luta: o presidente da ALMG Agostinho Patrus (PV), dep. federal Dalmo Ribeiro, dep. estadual Cleiton Oliveira; dep. federal Antônio Carlos Arantes, dep. federal Domingos Sávio, dep. federal Emidinho, dep. estadual Duarte Bechir, dep. federal Dimas Fabiano, dep. federal Odair Cunha dep. federal Fred Costa, dep. federal Fernando Borja e o senador Carlos Viana.

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