Em meio à guerra contra o novo coronavírus, há mais um inimigo: a dengue. A doença causada pelo Aedes aegypti não para de fazer vítimas no Estado. Por dia, são cerca de 424 novos casos prováveis (suspeitos mais confirmados) no território, que amarga uma triste estatística. Nos três primeiros meses deste ano, 35.639 mineiros já procuraram o médico com sintomas da enfermidade. 

Para se ter uma ideia, só nas quatro semanas de março, foram registradas quase 22,5 mil notificações em Minas. Número bem acima do que em janeiro e fevereiro juntos: 13.178.

Os pacientes com dengue se misturam a quem já busca assistência com suspeita de Covid-19. Até nesta quarta, conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES), 14.227 notificações de Covid-19 eram investigadas – 20% superior ao registrado no dia anterior (11.832). Até o momento, 133 pessoas foram infectadas.

A situação preocupa. Nesta semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou ser este um momento crítico para a proliferação do Aedes, também vetor da zika e chikungunya. “Os primeiros meses do ano são de muita chuva e calor. O mosquito precisa de água para ter criadouros e temperatura mais quente para a larva se reproduzir”, complementa o infectologista Estevão Urbano, do Hospital Madre Teresa.

Descuido
O médico, que também é presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), diz que a tendência é a de relaxamento na prevenção por parte dos moradores.

Vale lembrar que 80% dos focos do mosquito estão dentro das residências. “As pessoas estão voltadas para o coronavírus, uma atenção, sim, muito importante. Mas não se pode descuidar no combate ao Aedes”, frisou. 

Nesse contexto, o Ministério da Saúde deu o recado: que os brasileiros aproveitem a quarentena para deixar o quintal em ordem. A recomendação é retirar qualquer objeto que acumule água e sirva de criadouro para o vetor.

Sobrecarga
Havendo explosão de notificações da dengue, a expectativa é a de mais pacientes nos hospitais. Na última segunda-feira, o secretário de Estado de Saúde (SES), Carlos Eduardo Amaral, afirmou não descartar a criação de hospitais de campanha para os atendimentos em Minas.

Apesar de a maioria dos casos apresentarem quadro de saúde sem complicações, a intervenção deve ser rápida, para evitar o agravamento do estado de saúde.

“Mas cabe lembrar que grande parte dos doentes são hidratados e fazem repouso em casa. Se o aumento for muito grande, claro, teremos sobrecarga no sistema de saúde”, destaca o presidente da SMI.

Aprendizado
Ainda não se sabe como um organismo infectado com dengue irá se comportar em uma eventual contaminação pelo coronavírus ao mesmo tempo. Até agora, a Covid-19 praticamente se proliferou em países onde não há incidência da enfermidade causada pelo Aedes.

Estevão Urbano, que também integra o comitê de enfrentamento ao novo vírus criado pela PBH, destaca que só agora será possível aprender como a contaminação cruzada se dará. “O vírus é muito novo. Há chance de um organismo debilitado por uma, infectado em seguida por outra, ter formas mais severas (de uma ou de outra), ou não. Precisamos ver na prática”.

O crescimento da dengue também é evidente em BH. Até a última sexta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) registrou 3.722 casos suspeitos – quase 30% a mais que em 13 de março. São 835 confirmados

Em nota, a SMSA informou manter o “trabalho de vigilância epidemiológica contínuo e ter plano de contingência que prevê criação de serviços extras e ampliação da oferta de serviços conforme casos na cidade”.

Fonte: Hoje em Dia

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