A denúncia contra o prefeito de Divinópolis, Galileu Machado (PMDB), feita pela Associação dos Advogados do Centro-Oeste de Minas (AACO-MG) no dia 28 de maio, foi rejeitada na tarde desta terça-feira (28) durante a reunião ordinária da Câmara Municipal.
A Prefeitura disse que “não se pode aceitar que a vontade do povo, colhida com obediência ao processo eleitoral, seja colocada em perigo por iniciativas acusatórias baseadas em provas que, aos olhos do Executivo, são ilegítimas e forjadas e que é de interesse do município que as decisões políticas tomadas por seu povo sejam preservadas”.
A denúncia, que foi rejeitada por 11 votos a cinco, pedia a abertura de processo de impeachment do prefeito.
Denúncia
O ofício protocolado pela associação possui 16 páginas e aponta indícios de uma oferta ilícita de cargo público na Prefeitura. Ao final de abril, áudios de uma conversa que teria ocorrido entre o prefeito e um empreiteiro da cidade se tornaram públicos.
Nos áudios, os advogados entendem que Machado ofereceu o cargo de coordenador da Secretaria Municipal de Agricultura e teria dito que o homem não precisaria trabalhar. Os áudios da conversa também foram colocados junto à denúncia.
Debate
Após a votação do pedido de impeachment, os vereadores usaram a tribuna livre para se manifestarem sobre o posicionamento dado.
“São denúncias graves que devem ser apuradas, uma vez que o próprio prefeito ofereceu emprego e, nos áudios, fala que ele [o empreiteiro] não precisaria trabalhar”, afirmou o vereador Elton Geraldo Tavares (PEN), o Sargento Elton, que votou favorável à denúncia.
Em seu pronunciamento na tribuna livre da Câmara, o vereador Delano Santiago (PMDB), conhecido como Dr. Delano, apresentou um laudo assinado pelo delegado regional da Polícia Civil, Leonardo Pio, e afirmou que o mesmo garantia que os áudios apresentados pelo empreiteiro apresentavam sinais de adulteração. Ele votou contra a denúncia.
“Esse documento da Polícia Civil mostra que o empreiteiro fez montagem com as fitas. Ele montou pedaços de conversas para tentar incriminar outra pessoa”, afirmou o vereador.
A reportagem do G1 e do MGTV teve acesso ao documento citado pelo vereador e, no laudo, a Polícia Civil informa que não foi realizado perícia sobre a autenticidade das conversas porque a requerente, a AACO-MG, não solicitou. Contudo, a polícia comunica que os áudios serão analisados a pedido do Ministério Público (MP).
“Nós estamos aqui para investigar toda e qualquer irregularidade que houver, principalmente no Executivo. Acredito que, se não havia nenhum problema em relação ao prefeito, porque não investigar?”, disse o vereador Roger Viegas (PROS), que também votou favorável à denúncia.
Já o vereador Renato Ferreira (PSDB), que votou contra a denúncia, afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para apurar as gravações trabalha há 15 dias reunindo documentos e vai se encontrar na próxima sexta-feira (8), às 14h30 para dar direcionamento à comissão.
“Precisamos averiguar os fatos. É só denúncia atrás de denúncia. Agora, a CPI vai trabalhar para averiguar”, afirmou.
Confusão
Ao final da votação, a reunião ordinária da Câmara precisou ser interrompida devido à reação do público presente, que chegou a usar a expressão “vergonha” para protestar contra o resultado. Os trabalhos retornaram cerca de cinco minutos depois.
Fonte: G1||