O deputado federal Rafael Simões (União Brasil) foi condenado a dois anos e oito meses de prisão por desviar medicamentos e insumos do Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre, no Sul de Minas, para uso em seu gado. O material desviado, de venda proibida, deveria ser destinado exclusivamente a pacientes da instituição. A condenação é uma extensão de uma decisão anterior, que já havia imposto uma pena de dez anos ao político, caso que remonta a 2013, quando ele presidia a Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS), mantenedora do hospital.

Desvios e irregularidades no período de gestão

O caso envolve a gestão de Simões à frente da FUVS, entre 2013 e 2016. Durante esse período, o ex-prefeito de Pouso Alegre teria desviado antibióticos, seringas e soros do hospital, utilizando-os em seu gado. O desvio foi revelado por meio de uma investigação do Ministério Público Federal (MPF), que ajuizou a ação em 2018, uma vez que a instituição hospitalar é majoritariamente financiada com recursos públicos do Governo Federal.

Simões, no entanto, nega as acusações. Em vídeo enviado por sua assessoria à imprensa, ele se declarou vítima de “perseguição política” e afirmou que continuará sua trajetória política, com planos de candidatura à reeleição em 2026. O deputado defendeu-se ainda alegando que pagou pelos medicamentos com cheque nominal e que a transação foi formalizada com a emissão de nota fiscal, que teria gerado um lucro de 30% para o hospital. Quanto ao uso dos medicamentos no gado, sua assessoria preferiu não se manifestar.

A condenação do deputado foi confirmada em segunda instância pela Justiça Federal, mas ainda cabe recurso tanto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O caso já havia sido revogado parcialmente em 2020, quando uma juíza de Pouso Alegre inocentou Simões, mas a decisão foi revertida após apelação do MPF. A investigação continua gerando repercussão em meio a questionamentos sobre a utilização indevida de recursos públicos e a transparência nas ações dos gestores públicos.

Com a possibilidade de novos recursos, o desfecho final do caso ainda está longe de ser determinado.

Com informações do Estado de Minas

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