Jornalistas de vários veículos de comunicação de Minas Gerais foram convidados para discutir a educação no Estado. Na ocasião, foram apresentadas as principais propostas para a rede estadual, que atualmente conta com 3.808 escolas em atividade e mais de 2,4 milhões de alunos.
?Encontramos uma secretaria consolidada e que avançou nos últimos anos. A rede estadual melhorou bastante, mas ainda há muito por fazer?, destacou a secretária Ana Lúcia Gazzola. Ela ressaltou as quatro prioridades de sua gestão: ampliar o Programa de Intervenção Pedagógica (PIP) para os anos finais do ensino fundamental, aumentar a qualidade do ensino médio e torná-lo mais atraente para o jovem, investir em formação continuada e aumentar a interlocução com outros atores da educação.
Um dos principais desafios apresentados pela secretária será a revitalização do ensino médio e o combate à evasão de alunos, que hoje atinge 40% dos estudantes em todas as redes de ensino. ?Do conjunto de toda a educação em Minas Gerais, ao terminar o ensino fundamental, nós já perdemos 42% dos jovens. Desses, só 20% terminam o ensino médio. Nós estamos um pouco melhor do que a média nacional e melhoramos diminuindo a média nos últimos anos, mas temos que fazer um grande esforço para diminuir a evasão no ensino médio, diminuir a perda do número de alunos que terminam o ensino fundamental e não avançam imediatamente?, garantiu.
Para a secretária-adjunta da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Maria Ceres Pimenta Spinola Castro, um dos fatores que explicam o fenômeno é que os jovens saem da escola e retornam depois de dois anos porque percebem que para melhorarem, precisam do ensino médio. Segundo ela, os alunos evadem, mas voltam depois pela Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Gazzola explicou como a situação será contornada. ?Temos que convencê-los de que o ensino médio faz sentido para a vida deles. Eles ficam oito horas em uma lan-house e não querem ficar quatro horas na escola. Então, temos de encontrar maneiras de tornar o ensino médio mais atraente, mais flexível, mais em sintonia com a faixa etária e com os interesses dos alunos. Para isso, a Secretaria de Estado de Educação irá trabalhar parcerias para deixar o ensino médio mais inovador. O objetivo é criar projetos que possam identificar os talentos que os jovens tem para reanimar a nossa escola, especialmente o ensino médio?, disse.

Em relação ao currículo diferenciado do ensino médio, adotado em todo país, a secretaria explicou que a escola pode organizar o currículo de forma diferente, privilegiando mais algumas disciplinas em um ano e menos em outro e essa escolha é feita de forma que o aprendizado do aluno não seja comprometido. Segundo ela, os currículos têm que ser mais flexíveis. ?O que ocorre muito é a incompreensão dos novos modelos, mais atuais. As mães querem reencontrar os modelos da maneira que conhecem, mas a escola deve acompanhar a contemporaneidade?, afirmou.
Rede física
Ana Lúcia Gazzola ressaltou a importância de continuar investindo na rede física das escolas. Apesar da melhoria da estrutura física das escolas terem sido evidente nos últimos anos, a secretária explicou que se trata de uma demanda permanente. ?Esse é um trabalho que não termina nunca. Precisamos investir constantemente na rede física. Temos que ampliar, reformar, construir novas escolas e apoiar a rede municipal?, disse. A demanda inicial observada é de R$ 730 milhões para pequenas e grandes reformas de escolas, quadras e ampliações. A secretária esclareceu que de imediato estão sendo investidos R$ 220 milhões para atender essas necessidades iniciais. ?Temos buscado terrenos estaduais nos municípios e a doação de terrenos por parte dos municípios?, disse.
Em relação aos avanços, o destaque é o aumento do nível de leitura e escrita dos alunos mineiros. ?86,2% dos alunos mineiros estão completamente letrados aos oito anos, ou seja, leem, escrevem e interpretam perfeitamente. Minas Gerais ocupa hoje o primeiro lugar no Brasil nos índices de alfabetização, mas temos que avançar porque faltam 14% ainda. Preocupa não só a proficiência média, mas também a redução do percentual de alunos com baixo desempenho,?destacou. Outro tema pautado na reunião foi o projeto Escola de Tempo Integral. ?É um desafio extraordinário. Aumentar o número de alunos de tempo integral não é simples porque requer não só recursos, mas também espaços. Todo o planejamento está sendo feito para a ampliação desses espaços?, exemplificou.
Ampliação do PIP
Outra prioridade destacada pela secretária durante o encontro com os jornalistas foi à ampliação do Programa de Intervenção Pedagógica (PIP). Adotado em todas as escolas do Estado nos anos iniciais do ensino fundamental, o PIP vai estender o programa aos cinco anos finais do ensino fundamental. ?O PIP insere equipes em cada uma das salas de aula dos primeiros quatro anos do ensino fundamental, em todas as escolas?. O programa será ampliado para que todo o ensino fundamental seja abrangido.
Outro destaque é o Programa de Educação Profissional (PEP) que já formou 170 mil jovens em cursos profissionalizantes gratuitos. ?Credenciamos instituições por meio de edital para oferecer os cursos a jovens formados ou ainda cursando o ensino médio. E então fazemos um vestibulinho de português e matemática. Esse ano oferecemos 30 mil novas vagas e tivemos 300 mil candidatos. O PEP é um grande programa, mas precisa crescer. E vamos incluí-lo como proposta para o governo federal?, garantiu.

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