A partir de novembro, o dinheiro do 13º salário começa a circular na economia. Segundo a previsão da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), é de R$ 10,5 bilhões para o Estado. Deste total, R$ 2,37 bilhões serão só para Belo Horizonte, sem considerar aposentados, pensionistas e empregadas domésticas. O pagamento das dívidas sempre esteve no topo das dicas dos especialistas em finanças pessoais. Mas, diante das incertezas econômicas, eles reforçam o conselho.
O coordenador do curso de negócios internacionais da Fumec, Walter Victorino, afirma que o mercado ainda não sabe o que vai acontecer com a taxa básica de juros (Selic), portanto, o melhor é quitar os débitos. A Selic está caindo, entretanto, devido à crise europeia, não sabemos se o governo vai conseguir manter essa trajetória de queda. Além disso, o governo pode voltar a elevar os juros para conter a inflação, o que encarece as dívidas, afirma Victorino.
O economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Fernando Sasso, observa que, ao contrário do ano passado, não há tanta euforia para o consumo. Ele justifica o cenário como reflexos das medidas de contração do crédito, adotadas pelo governo para segurar o aumento da inflação. Neste ano, acredito que a maioria das pessoas vá usar a maior parte do 13º para pagar as dívidas, avalia.
A professora de economia da Newton Paiva, Jane Noronha Carvalhais, lembra que as previsões de crescimento para 2012 são menores e indicam redução no ritmo da atividade econômica brasileira. Não sabemos se o nível de emprego vai continuar, portanto, a cautela é a melhor receita para este momento. Não é hora de começar o ano endividado, o melhor é usar o 13º para quitar as dívidas, alerta.
Os especialistas também alertam os consumidores a guardarem dinheiro para as típicas dívidas do começo do ano. Certamente as despesas como IPVA, IPTU e matrícula de escola terão aumentos, o melhor é ter uma reserva para tentar pagá-las à vista, aconselha Victorino. Os descontos para quem paga os impostos à vista são pequenos, mas valem muito a pena, afirma ele.
De acordo com a gerente de economia da Fecomércio-MG, Silvânia Araújo, tradicionalmente metade do 13º salário vai para consumo e a outra metade vai para as dívidas. No ano passado, segundo pesquisa da entidade, 42% disse que destinaria os recursos para compras, contra 36,6% para débitos, seguidos de 9,7% para aplicações, 9,7% para gastos de janeiro e 2,1% para férias. É algo muito individual e depende da situação de cada um, mas quem tem dívidas, certamente deve priorizar o pagamento, principalmente aquelas em atraso, com juros, diz Silvânia.

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